Arrancou, esta semana, a Convenção Democrata, em Chicago. Este será, sem margem para dúvidas o ponto de partida determinante e crucial para Kamala Harris, que enfrenta uma série de desafios significativos enquanto procura consolidar a sua candidatura presidencial após a desistência de Joe Biden.

Harris está numa posição única, todavia, enfrenta obstáculos tanto dentro do partido como na campanha eleitoral, na sua generalidade. Creio que esta convenção servirá como barómetro dentro do próprio partido, na medida em que será um teste crítico à capacidade de Kamala Harris unir o partido em torno da sua candidatura, bem como de conseguir mostrar que pode liderar o país num momento de transição tão delicado.

Outro dos desafios mais prementes que os Democratas enfrentam, prende-se com a questão da definição da mensagem e do reposicionamento político, uma vez que, se tivermos em consideração a campanha presidencial de 2020, Harris foi amplamente criticada pela falta de clareza e de solidez das suas propostas, o que enfraqueceu a sua campanha rapidamente. Agora, como líder dos Democratas, Kamala Harris precisa de evitar erros do passado e garantir a robustez da sua mensagem política no sentido de inspirar confiança no eleitorado para vencer a corrida à Casa Branca. Mais, o discurso de Harris não só precisará de inspirar as bases Democratas mas também convencer os eleitores independentes e moderados de que ela é a escolha certa para liderar os desígnios do país ao longo dos próximos anos.

Além dos desafios internos, a campanha dos Democratas também enfrenta uma oposição feroz da campanha de Donald Trump, que procura regressar à Casa Branca após a derrota de 2020. Trump continua a ter uma base de apoio sólida e leal, e está a utilizar uma campanha agressiva, como é seu apanágio, focando atenções nos “key-states”, onde, como o próprio nome indica, as eleições serão decididas. Os principais ataques de Trump recaem sobre as políticas Democratas para a economia, justiça e imigração. O candidato Republicano procura caracterizar a sua opositora como radical e que não partilha dos mesmos valores dos americanos comuns. Também faz parte da estratégia Republicana a incitação ao medo relativamente a mudanças bruscas, especialmente no que concerne aos eleitores mais conservadores, em áreas rurais.

No que a sondagens diz respeito, Harris parece ganhar um ligeiro ascendente em relação a Trump. A decisão de Biden se afastar parece ter servido como um balão de oxigénio que revigorou o Partido Democrata. Por outro lado, a campanha de Trump está a ser marcada por uma vingança, na medida em que o candidato nunca terá aceitado a derrota de 2020. Continua a ser uma figura que polariza a opinião pública e continua a prometer restaurar a economia e proteger a América de políticas radicais e perigosas. Aquilo que Trump pretende é dividir os Democratas relativamente a questões sociais e económicas.

Em jeito de conclusão, a campanha eleitoral continuará a ser altamente competitiva e a Convenção Democrata servirá como uma alavancagem energética dos Democratas. A eleição está longe de estar decidida e ambos enfrentam desafios significativos no seu caminho até à Casa Branca. A habilidade de Kamala Harris em navegar os desafios aqui descritos pode ser determinante para o desfecho eleitoral. Veremos o que acontece até ao final da semana.

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