A Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores (FBRAA) e o Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) defenderam hoje alterações ao financiamento das associações da região, para melhorar as condições salariais e ultrapassar dificuldades financeiras.
“O que eu defendo é uma musculação e um reforço do financiamento das associações, que nos permita dar resposta a várias questões”, disse hoje o presidente da FBRAA, José Braia Ferreira, no final de um encontro com o presidente do SNBP.
Por sua vez o sindicalista Sérgio Carvalho referiu que o financiamento dos corpos de bombeiros do arquipélago tem sido todos os anos deficitário e “tem que ser revisto”.
Na reunião, realizada hoje nos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, o presidente do SNBP e a direção da FBRAA debateram as propostas para a revisão da tabela salarial dos “soldados da paz”.
O presidente da Federação, José Braia Ferreira, defendeu “uma musculação e um reforço do financiamento das associações”, que permita dar resposta a várias questões, a começar pelo aumento dos salários dos bombeiros, “que é justo, é digno e é dignificador da sua própria carreira”.
Também sugeriu, a criação, a nível nacional, “de uma carreira digna para aquilo que hoje se define como bombeiros profissionais” e “que se dê às associações a garantia do financiamento e da prestação de serviços”.
“Não podemos esperar que o Estado queira que as associações se comportem normalmente, se é o primeiro a não pagar. Nós temos neste momento 1,5 milhões [de euros] de dívida do Estado às associações dos Açores”, denunciou.
E questionou: “Como é que é possível pedirem a 17 associações humanitárias, que se regem por um regime privado, que financie o Estado?”
José Braia Ferreira também declarou que a Federação não se opõe a aumentos salariais para 2024, “como nunca se opôs”.
“Para nós, os bombeiros açorianos deviam estar a receber muito mais do que aquilo que recebem, mas a questão principal são as fontes de financiamento. As associações humanitárias dos Açores não têm uma receita única que vem de um orçamento único do Estado ou da Região, concretamente, ou das autarquias”, justificou.
Lembrou que os bombeiros obtêm receitas de várias atividades, como pré-emergência (financiada pelo Governo Regional), presença nos aeroportos (ANA e SATA), transportes não urgentes (unidades de saúde) e serviços à comunidade.
Para ultrapassar as dificuldades de financiamento, o presidente da Federação sugere que sejam tidos em conta exemplos estrangeiros (Canadá, Estados Unidos, Bélgica e França) e o caso da Região Autónoma da Madeira.
Sobre a profissionalização dos bombeiros, disse que não pode acontecer como é proposta, ou seja, “apenas sobre a responsabilidade das associações, porque se o problema de base é o financiamento, a profissionalização só vem agudizar mais essa questão e não resolvê-la”.
O presidente do SNBP, Sérgio Carvalho, declarou que “a profissionalização é o ovo de Colombo, já está inventada” e observou que “já no ano passado, o financiamento às associações foi deficitário”.
E prosseguiu: “E todos os anos é. E, depois, quem sente na pele são os bombeiros. (…) E estamos fartos, também, que nos digam que temos razão, que o financiamento tem que ser revisto”.
“É verdade que é preciso mais e melhores equipamentos. É verdade que é preciso mais e melhor formação, não só aqui, mas em todo o país. E para os bombeiros estarem motivados também é preciso mais e melhores vencimentos para dar garantias futuras para eles e para as suas famílias”, defendeu.
O dirigente resumiu que o sindicato e a Federação açoriana pretendem “dar boas condições” aos bombeiros, mas lembrou que este ano “não houve aumentos salariais”: “Nós não podemos ser o ‘patinho feio’ de todo o sistema de socorro e proteção civil, quer da região quer do país”.
Caso não haja aumentos salariais, admitiu a realização de ações de luta a definir.