A quarta edição dos Encontros Sonoros Atlânticos Francisco de Lacerda, que decorre de 14 a 28 de setembro, divide-se entre Lisboa e os Açores, com cinco concertos exclusivos e peças em estreia mundial.
“No fundo, é como se este festival fosse uma celebração da diversidade e do ecletismo da música portuguesa. Combinamos música contemporânea com cantautores, com propostas multimédia e, no fundo, o que eu quero, como programador, é que este festival seja uma montra de visões muito particulares e muito especiais de artistas nos seus diferentes estilos”, adiantou, em declarações à agência Lusa, o compositor Vasco Mendonça, responsável pela programação.
O festival, organizado pela Associação Francisco de Lacerda – a Música e o Mundo, passa por sítios tão distintos como o Panteão Nacional, em Lisboa, ou as ruínas da casa do compositor açoriano, na ilha de São Jorge.
Os públicos são “muito diferentes” e, “lentamente, mas de uma forma segura”, a organização acredita que os encontros têm vindo a implantar-se na agenda anual dos lugares.
“As pessoas fazem quase três quartos de hora a pé para irem ao concerto da Fajã da Fragueira [São Jorge], verem um concerto ao ar livre, em condições absolutamente naturais. É um concerto essencialmente para a comunidade local e temos vindo a ter uma receção fantástica”, revelou o programador.
Ainda nos Açores, mas na ilha de São Miguel, o espetáculo é dirigido a um público diferente.
“E depois temos, por exemplo, o concerto no centro Arquipélago, em que é um público mais jovem, mais urbano, mais interessado em artes plásticas, em arte contemporânea. Esse também tem respondido muito bem”, avançou Vasco Mendonça.
Millennium BCP, atribui um valor de 7.500 euros ao vencedor e é, segundo Vasco Mendonça, “fundamental para estimular a criação nacional”.
“É um dos prémios mais elevados em valor a nível europeu. Conseguimos fazer um prémio com condições muito especiais, temos um júri internacional, temos um prémio forte pecuniário e temos a estreia por uma orquestra profissional da peça”, frisou.
O compositor defendeu que “ser um criador de música em Portugal é uma tarefa árdua”, alegando que o país ainda tem “uma dotação para a Cultura absolutamente insignificante, comparada com outros países”.
“A criação nacional está de ótima saúde, se falarmos do talento que temos, da criatividade e da qualidade das pessoas a compor e escrever música em Portugal. Está bastante mal, se pensarmos no tipo de apoio e estruturas que temos para manter esse talento e para potenciar esse talento”, alertou.