Esta semana é marcada por notícias de França. Refiro-me à derrota do presidente francês e do seu neoliberalismo, tantas vezes imposto com a repressão violenta de protestos pacíficos, e à derrota da extrema-direita. Responsável direto por uma política que promove a guerra, pensada para os poderosos, para os grandes grupos económicos, que ataca a liberdade democrática, os direitos sociais e as condições de vida da grande maioria dos franceses, esta não é a primeira derrota eleitoral de Macron. E não será a última.

Milhões de euros em propaganda tentaram disfarçar a realidade sobre o liberalismo. Foi vendido como sendo técnico, neutro e racional. Nada mais falso. Em política, ninguém é neutro e as políticas antissociais são sempre vendidas como males necessários – como vimos nos tristes tempos da troika. Era necessário empobrecer, era necessário emigrar, era necessário apertar o cinto. É, precisamente, esta política que favorece o crescimento da extrema-direita. Aliás, como denunciou a CDU, a União Europeia e a extrema-direita dão-se muito bem!

Apesar do voto ter mostrado, claramente, a vontade de mudança, a vitória da Nova Frente Popular não garante a alteração de políticas, por duas razões. Já se prepara, nos bastidores, a manutenção no poder de quem foi derrotado e a própria Frente Popular não é isenta de contradições internas.

Estas incógnitas não apagam a derrota do ódio e das forças responsáveis pelo empobrecimento. Este resultado é a vitória dos que se unem para construir, coletivamente, uma vida melhor. É uma vitória do mundo do trabalho, que construiu enormes lutas para exigir o aumento dos salários e das pensões, a diminuição da idade de reforma e a defesa dos serviços públicos de saúde e educação. Coletivamente, nessas lutas, foi crescendo a consciência de que a solução não está nem na extrema-direita, nem no liberalismo.

Por cá, passa-se o mesmo! É na ação coletiva que se constroem melhores condições de vida. Basta ver que os trabalhadores sindicalizados e abrangidos por acordos coletivos, resultado da negociação sindical, têm melhores condições de trabalho, a começar por melhores horários e salários médios mais altos. O que explica, também, o ataque do liberalismo aos sindicatos e à contratação coletiva!

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