Vila Nova do Corvo

A ilha do Corvo presta hoje homenagem, no dia do município, ao príncipe Alberto I do Mónaco, que entre 1885 e 1915 comandou 29 campanhas oceanográficas em quatro navios, 13 das quais feitas nos Açores, revelou a autarquia.

O presidente do município da mais pequena ilha açoriana adiantou à agência Lusa que a homenagem ao príncipe e às suas visitas ao Corvo está marcada para as 19:00 locais (20:00 nos Açores) e consiste no descerramento de uma placa, em azulejo, no largo da Cancela, que passará a chamar-se largo Alberto I príncipe do Mónaco (trisavó do atual príncipe).

Logo a seguir, às 19:30 locais (20:30 em Lisboa), será apresentado, pelo investigador João Saramago, o livro ‘O Príncipe Albert I do Mónaco e a ilha do Corvo’.

Segundo o presidente da Câmara Municipal do Corvo, esta homenagem cumpre com uma decisão que a autarquia tomou há 100 anos.

“Em 1924 foi decidido prestar a devida homenagem ao príncipe Alberto I do Mónaco. Foi uma deliberação de câmara. Temos a ata. E o que vamos fazer é efetivar aquilo que foi uma deliberação de há 100 anos”, explicou José Manuel Silva (PS).

A placa, de azulejos pintados à mão, pelo ateliê Cerâmica da Praia, tem transcrita a cópia da ata que faz referência à deliberação camarária de há 100 anos.

Segundo o autarca, o monarca esteve em várias missões oceanográficas nos mares do arquipélago e, tanto o príncipe como a sua equipa, “deram-se muito bem com a população corvina”.

“Os relatos referem um carinho especial do Corvo pelo príncipe. Ele deu-se muito bem com a população e, em conversa, com o investigador José Saramago foi-nos contado que existia uma deliberação de câmara para esta homenagem”, assinalou o autarca.

Além disso, a Câmara Municipal do Corvo “é a única entidade que tem disponível a coleção de fotos da expedição do príncipe pelos Açores”, um acervo que pode ser visualizado, em computador, na Casa do Bote, de acordo com o autarca.

“Sempre houve alguma ligação com o príncipe Alberto I do Mónaco, a quem os corvinos sempre foram gratos”, acrescentou, indicando que existem fotografias de Alberto I do Mónaco “num piquenique, com a população, na zona do Caldeirão”.

Com cerca de 60 páginas, o livro aborda “a presença do príncipe Alberto I do Mónaco no Corvo, a sua convivência com a população, as cartas que enviou ao pai enquanto esteve na mais pequena ilha açoriana”, explicou à Lusa João Saramago, que organizou a publicação.

Natural da ilha do Corvo e a residir em Lisboa, João Saramago, investigador reformado do centro de linguística da Universidade de Lisboa, referiu que a publicação integra uma biografia da sua autoria, sobre o príncipe, e os relatos do monarca por altura do desembarque no Corvo, descrições da ilha e uma referência à população, no âmbito da sua exploração sobre os oceanos.

“No Corvo desembarcou três vezes. O príncipe era uma pessoa muito comunicativa. E, na sua descrição sobre a ilha, ele faz uma referência às pessoas dizendo que são muito boas”, relatou João Saramago.

Numa das campanhas oceanográficas realizada nos Açores, o príncipe monegasco descobriu, em 1896, a sudoeste das ilhas do Faial e do Pico, o banco Princesa Alice.

Nos mares dos Açores, o príncipe localizou também, em 1902, entre as ilhas Terceira e S. Miguel, a fossa do Hirondelle, com a profundidade máxima de 3.200 metros.

Em outubro de 2022, o príncipe Alberto II do Mónaco realizou uma visita a Portugal, com passagem por Ponta Delgada, nos Açores, e por Lisboa, para assinalar o ano do centenário da morte de Alberto I do Mónaco.

João Saramago assinalou que, aquando dessa visita, o monarca abordou com o autarca do Corvo o interesse “em dar sequência à decisão” de atribuir o nome do príncipe ao largo no Corvo.

 

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