Os três novos diáconos- André Furtado (Lagoa), Leonel Vieira (Furnas) e Rui Pedro Soares (Furnas)- são naturais da ilha de São Miguel e terminaram o sexénio em junho de 2023 tendo ficado a aguardar a ordenação durante um ano, no qual estiveram a estagiar em várias paróquias de São Miguel e da ilha Terceira.

O Bispo de Angra presidiu à primeira ordenação diaconal do seu episcopado nos Açores, que decorreu esta tarde na Sé de Angra e desafiou os três novos diáconos a servir Deus e a Igreja de forma “simples e total”, sem calculismos ou ambições, distribuindo a “todos, todos, todos, como o seu exemplo, a Palavra que é Cristo”.

“Sede apaixonados pela Palavra que é Cristo. Tornai-vos especialistas deste serviço livre e dedicado” disse D. Armando Esteves Domingues na homilia da celebração em que ordenou estes três jovens seminaristas.

“O serviço diaconal não pode ser feito com chinelos e roupa fina, é um serviço a ser feito com avental e mãos sujas” afirmou D. Armando Esteves Domingues lembrando que se trata de “um serviço que exige um envolvimento total, não um tempo limitado”.

“Desculpai a comparação, mas é o serviço do cavalo do bom samaritano, que tem de carregar sobre a sua garupa, sobre os seus ombros, o homem maltratado que se deparou com assaltantes, para o levar à estalagem da salvação” explicitou alertando para a tentação de olhar para o sacramento da ordem para além do serviço.

“Um dos enganos do maligno em que nós, chamados a uma especial consagração, mais facilmente caímos, é precisamente o de pensar a nossa vida como investida de um poder de ordem que vai para além do serviço. Pensarmo-nos fora disto não é santo e pode fazer nascer um comportamento que testemunha não o serviço, mas o poder. E, como sempre, esta atitude é ladeada por outros vícios como a ignorância, a arrogância, a prepotência” afirmou o prelado.

“Quem deseja estar ao serviço de Deus não pode escolher o lugar onde exercer o seu ministério: é o próprio Senhor que no-lo indica. A casa de Deus, para quem está disposto a servir, é a criação e na criação está o homem”, isto é, “é a vida dos nossos irmãos e irmãs, é a vida dos últimos, é a vida dos marginalizados, é a vida daqueles que não ouvem Deus e nem sequer o desejam, é a vida daqueles que, desiludidos por testemunhos falaciosos, recusam abrir-se à alegria, é a vida da Igreja hospital de campanha” concretizou sublinhando que o serviço “não está num lugar protegido”, mas “num campo aberto, exposto a todas as intempéries”.

“É um serviço sempre em risco! Mas, precisamente por isso, deve ser feito com alegria e total dedicação.”, enfatizou ainda o prelado pedindo aos novos diáconos “paixão”, “capacidade de risco” e “dedicação”.

“Ides ter pela frente um período focado no serviço. Aproveitai-o, arriscai e vereis como servir vos trará felicidade. Tornai-vos especialistas no serviço livre e dedicado” afirmou D. Armando Esteves Domingues .

“ Professar a própria diaconia diante dos outros ajuda-nos na consciencialização da virtude da humildade e facilita-nos a tarefa de adquirir uma mentalidade de servo” afirmou desafinado os jovens a serem a terra acolhedora da semente que é Cristo.

“O poder pertence à semente” por mais “ pequena e insignificante” que seja, disse o prelado açoriano a partir do Evangelho proclamado este domingo.

“Felicidades, caros ordenandos! Basta esta fé! Sois Dele e sois chamados por amor. Oxalá vença sempre em vós a confiança na força desse amor, que dá fruto a seu tempo; oxalá sabais acompanhar com paciência aquilo que pode crescer por si, sem ter ânsia pelos resultados e aprendendo a aceitar os tempos dos outros”, disse.

“Só podeis amar a todos com um coração livre de apegos. Mas é preciso desprender-se de todos bens a fim de os possuir para o bem de todos; desprender-se dos afetos, para não se apoderar das pessoas como uma possessão pessoal; desprender-se das próprias ideias, para saber escutar e valorizar o pensamento do outro; desprender-se da própria vontade, para fazer somente a vontade de Deus”, aconselhou o bispo D. Armando Esteves Domingues.

“Sejamos livres de qualquer apego que possa impedir-nos de amar com pureza de coração, de viver um amor que está acima das coisas materiais, acima dos afetos e acima de nós mesmos, mas muito próximo de Deus. Vivei plenamente o vosso diaconado”, exortou.

“Trazeis hoje a alegria e a esperança própria de um jovem,  a alegria de um coração apaixonado e de quem vive constantemente junto do seu amor que é Cristo. Para tal, alimentai o espírito de oração, porque é precisamente a oração que mantém o coração na alegria e um olhar de esperança visível por todos” afirmou o prelado evocando o exemplo de Maria.

“Confio-vos a tarefa do testemunho da alegria no Jubileu da Esperança 2025 que vamos viver. Que ele seja também oportunidade de renovação e de renovadas vocações laicais, sacerdotais, missionárias e religiosas”, concluiu o bispo de Angra.

Estas ordenações ocorrem no final do primeiro ano em que o Seminário de Angra experimentou um novo modelo formativo e com uma nova equipa formadora, integrada também por leigos.

Os dois alunos do ano propedêutico repartiram as aulas em formato presencial, no seminário, e à distância, permanecendo a maior parte do tempo nas suas paróquias de origem e os finalistas estiveram em trabalho pastoral em paróquias distintas, sempre acompanhados à distância pela equipa formadora. Os restantes seis estiveram em regime de internato no Seminário, onde desenvolveram os estudos de Teologia.

Os três diáconos são os primeiros seminaristas ordenados pelo 40º bispo de Angra nos Açores, estando agendada a sua ordenação sacerdotal para o final deste ano.

 

 

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