Os cerca de 2.550 trabalhadores das Misericórdias dos Açores vão ver os seus salários atualizados em 7,07%, mais 63 a 70 euros sobre todos os níveis da tabela de 2023, anunciou hoje o SINTAP.
“Na sequência de um longo e árduo processo negocial anual entre o SINTAP e a URMA – União Regional das Misericórdias dos Açores, foi possível chegar a um acordo coletivo de trabalho para os trabalhadores, para 2024”, disse o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP) Orlando Esteves.
O sindicalista falava numa conferência de imprensa, que se realizou na freguesia dos Arrifes, no concelho de Ponta Delgada.
Orlando Esteves apontou que, através do acordo alcançado, “se conseguiu proceder a uma valorização profissional e remuneratória dos trabalhadores das Misericórdias, com efeitos retroativos a 01 de janeiro de 2024″, sendo que irão beneficiar desta medida 2.550 trabalhadores.
Além do aumento de 7,07% da massa salarial, que representa um aumento “entre 63 a 70 euros sobre todos os níveis da tabela de 2023, assiste-se a um acréscimo de cerca de 10% do subsídio de refeição, que passa de 5 para 5,50 euros”, acrescentou o dirigente.
Orlando Esteves referiu ainda que uma “revisão e valorização de carreiras são algumas das razões que levaram o SINTAP a fechar este acordo coletivo de trabalho”.
Por seu lado, o presidente da URMA, Bento Barcelos, afirmou na conferência de imprensa que as Misericórdias “têm tido uma preocupação desde 2022 até agora, de repor uma componente remuneratória aos seus trabalhadores, sabendo bem o esforço que fizeram no decurso dos anos em que tiveram que enfrentar a pandemia [covid-19]”.
“A partir de 2022, começou a haver, de facto, um incremento maior na componente remuneratória com aumentos de 5%. Em 2023, a média, contando com o aumento do salário mínimo regional [o nacional acrescido de uma majoração de 5%], foi de 6,5%”, afirmou o presidente da URMA.
Bento Barcelos explicou que “este esforço financeiro, muito acrescido, não é coberto na sua totalidade pelo financiamento público dos acordos de cooperação com o Governo Regional”, mas o processo negocial para a revisão do acordo de base para 2024 “ainda não está fechado”, havendo em 19 de junho uma segunda reunião entre a URMA e o executivo.
O responsável da URMA reconhece que o impacto da inflação tem vindo a diminuir, enquanto o Banco Central Europeu já determinou a redução da taxa Euribor.
Mas, face a um “acréscimo de encargos no âmbito dos recursos humanos, com os bens alimentares, com a energia, os combustíveis e os gases medicinais, acima dos dois dígitos, nalguns casos acima dos 20%”, a pretensão é que o acordo negocial com o Governo dos Açores “possa contemplar o impacto dos aumentos dos encargos que as instituições têm”, salvaguardou Bento Barcelos.