As eleições regionais na Madeira, ocorridas no passado Domingo, trouxeram mudanças significativas no cenário político da região. De facto, estas eleições foram marcadas por uma redistribuição assinalável de votos entre os partidos tradicionais e emergentes, refletindo assim quer a insatisfação quer as expectativas dos eleitores madeirenses.

Os resultados mostraram uma ligeira queda no apoio ao PSD que, apesar de continuar a ser a força política que reúne a maioria das preferências dos eleitores, não conseguiu alcançar uma maioria absoluta. Os resultados eleitorais garantiram 19 mandatos ao PSD, o que configura o pior resultado de sempre dos sociais-democratas naquela região, abrindo assim a possibilidade inédita de uma governação minoritária na Madeira.

O PS manteve-se como a segunda maior força política da região, e mantém o número de assentos parlamentares. Creio que é de realçar que os socialistas madeirenses não conseguiram capitalizar votos fruto do cenário político mais frágil de sempre na história daquela região autónoma. Ao que parece, os eleitores não se sentiram suficientemente confiantes em alocar ao Partido Socialista da Madeira aquela que seria uma alternância democrática nunca observada no arquipélago.

O vencedor da noite eleitoral terá sido o JPP, que praticamente duplica a sua representação parlamentar, o que poderá indicar uma nova configuração nos desígnios do povo madeirense. O partido que se formou como um movimento local, garante assim um aumento do seu espectro de influência no panorama regional.

Os resultados eleitorais na Madeira devem, portanto, ser analisados com cautela. A fragmentação do voto e a necessidade premente de diálogo entre forças políticas para assegurar solidez governativa poderá implicar um período de instabilidade política, abrindo também a possibilidade de novas dinâmicas e abordagens diferentes no que concerne à ação política na região.

Este é, sem dúvida, mais um cenário político complexo e desafiante, com várias possibilidades no que diz respeito à formação de governo. Como tal, o futuro político da região está dependente da habilidade dos partidos em formar alianças estratégicas e responder de forma eficaz aos anseios da população que representam. Além disso, os partidos que formarem oposição, irão ter um papel determinante na capacidade de influenciar as políticas regionais, saibam eles aproveitar a oportunidade. Deixar ainda uma breve nota para a elevada taxa de abstenção verificada neste ato eleitoral que, provavelmente, terá por base a falta de alternância democrática, bem como de uma real alternativa de governação, o que manifestamente não contribui para uma aproximação do eleitor.

Adivinham-se tempos conturbados na Madeira, por isso, veremos que novidades nos trarão os próximos dias.

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