O Governo Regional dos Açores quer reduzir a taxa de abandono escolar precoce de 21,7 para 15% até 2030 e aumentar a percentagem de população com o 9.º ano ou mais de 48,41 para 50%, anunciou hoje.

“Temos de progredir, mas temos de progredir mais rapidamente para podermos recuperar esta décalage [com a média nacional], por isso é que sustentamos que uma Estratégia da Educação Açores 2030 não pode apenas dirigir-se ao combate ao insucesso escolar, mas acima de tudo tem de promover o sucesso escolar de todos e de cada um dos alunos”, afirmou a secretária regional da Educação, Cultura e Desporto, Sofia Ribeiro.

A governante falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, na apresentação da Estratégia da Educação Açores 2030, que estará agora 30 dias em consulta pública.

O documento faz uma comparação de vários indicadores de ensino entre 2011 e 2021 e entre os Açores, o continente e a Madeira.

Com base nesses resultados, estabelece 29 indicadores e metas, divididos em sete domínios, que são operacionalizáveis em 34 ações.

Uma das metas apresentadas é a redução do abandono precoce de educação e formação, que baixou de 41,8% em 2011 para 21,7% em 2023, mas ainda é quase o triplo da média nacional (8%). O objetivo da estratégia é atingir os 15% em 2030.

Também nas habilitações da população açoriana, foi identificada uma discrepância com os valores nacionais.

Enquanto no continente, em 2021, 54,39% da população tinha entre o 3.º ciclo (9.º ano) e o ensino superior, nos Açores, 51,59% da população tinha habilitações até ao 2.º ciclo (6.º ano), um número ainda assim inferior ao registado em 2011 (67,17%).

A estratégia define como metas um aumento de 48,41 para 50% da população com o 9.º ano ou mais e um aumento de 31,25 para 35% da população com ensino secundário ou superior.

A percentagem de alunos sem qualquer nível de ensino nos Açores baixou de 20,79%, em 2011, para 14,17, em 2021, ainda cima do valor do continente (13,66%), mas o objetivo da região é atingir um valor máximo de 10% até 2030.

“O que se tem verificado ao longo dos últimos 10 anos é que, embora os Açores tenham vindo a melhorar resultados no âmbito da Educação, até com alguma expressão significativa nos últimos dois anos, o que verificamos é que há ainda uma diferenciação. Ainda estamos aquém dos indicadores no resto do país e até mesmo dos europeus”, salientou Sofia Ribeiro, em declarações aos jornalistas.

A estratégia aponta ainda como metas a redução em 25% da discrepância, face à média nacional, dos resultados das provas finais do 9.º ano de português e matemática e a redução em 50% da diferença relativa à média nacional dos resultados nas provas TIMMS e PISA.

Entre as ações previstas estão o desenvolvimento do programa “AaZ – Ler Melhor, Saber Mais” em todas as unidades orgânicas, o desenvolvimento de um programa de pensamento computacional até ao 6.º ano, a criação de oficinas de código no 3.º ciclo e a implementação de processos de ‘coaching’ educativo para docentes, não docentes e encarregados de educação.

O executivo açoriano pretende investir no ensino artístico, identificar e apoiar alunos em situação de abandono e desenvolver, desde o ensino pré-escolar, “módulos de cidadania, que visem a educação para o desenvolvimento sustentável, estilos de vida saudáveis, uma cultura de paz, da não violência e de fomento dos direitos humanos e valorização da diversidade cultural”.

A estratégia prevê ainda a “introdução da lecionação de História, Geografia e Cultura dos Açores, em articulação com Cidadania, desde o 1º ciclo, integrando áreas de desenvolvimento de competências sociais, de educação para a saúde, de educação ambiental e de literacia financeira”.

A região deverá implementar um plano integrado de combate ao abandono precoce, alavancar o programa mediadores para o sucesso escolar e desenvolver o programa regional de prevenção e combate ao ‘bullying’ e ‘ciberbullying’.

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