“Apresento a minha demissão do Secretariado e da CCR [Comissão Coordenadora Regional], pois não me parecem estar reunidas as condições para me manter nestes órgãos de decisão interna”, escreve a dirigente numa carta enviada na quinta-feira aos órgãos do partido, explicando que esta “rutura” não é com o projeto político do BE, “mas sim com a atuação do coordenador regional”.
A Lusa tentou obter uma reação do líder regional, que, segundo fonte oficial do BE/Açores, não quis fazer comentários, alegando tratar-se de questões que devem ser discutidas apenas no interior do partido.
Na missiva, a que a Lusa teve acesso, Alexandra Manes assume a sua “insatisfação” com o rumo interno que o BE/Açores tomou, desde que António Lima, agora deputado único no arquipélago, lidera a estrutura.
“Não é de agora, nem do último ano, que alerto para o caminho que o BE toma, seja na falta de aproximação às e aos seus aderentes de base, seja nos processos internos”, lembra a ex-deputada do Bloco, que não conseguiu ser reeleita nas regionais de 04 de fevereiro, pelo círculo eleitoral da Terceira, onde era cabeça de lista.
Alexandra Manes diz haver questões internas que lhe desagradam “como dirigente política e como cidadã” e dá vários exemplos, desde a obrigatoriedade de os candidatos do BE assumirem um compromisso escrito com o partido até à “centralização da campanha eleitoral numa única pessoa”, como considera ter acontecido em fevereiro.
A ex-deputada refere também que foi António Lima quem decidiu acabar com a rotatividade dos deputados eleitos pelo círculo regional de compensação (que se verificava nas anteriores legislaturas) sempre que estiver em causa a eleição do coordenador regional do Bloco: “uma exceção criada e redigida por si próprio”.
“Não posso deixar também de mencionar a tentativa de descredibilização da minha pessoa que está a ser feita pelo coordenador regional”, critica, queixando-se de ter sido “afastada” de cargos de nomeação política, na representação parlamentar do BE no parlamento açoriano, por “falta de confiança política”.
A dirigente demissionária acusa ainda António Lima de ter impedido por várias vezes que fossem apresentadas propostas de candidatos distintas dos nomes sugeridos pelo Secretariado, em diferentes atos eleitorais.