A crise sísmica em curso na ilha Terceira, nos Açores, centra-se na zona do vulcão de Santa Bárbara, mas não apresenta nenhum valor anormal além da sismicidade, disse hoje a presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica.
Em declarações à Lusa, Gabriela Queiroz, do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), explicou que, na ilha Terceira, tem existido “uma atividade sísmica centrada essencialmente na zona do vulcão de Santa Bárbara”, que “já se vem sentindo de forma mais intensa desde de junho de 2022”.
“Temos elevado o nosso alerta para V2 (possível reativação do sistema — sinais de atividade moderada) desde essa altura e o que verificámos é que esta atividade sísmica tem-se manifestado por fases mais intensas e outras menos intensas. Estamos neste momento numa mais intensa”, afirma a responsável do CIVISA.
O vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, é considerado um vulcão ativo, tendo entrado em erupção, pela última vez, em 1761, apresentando duas caldeiras.
Desde 24 de junho de 2022 que a atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara se encontra “acima dos valores normais de referência”, com o nível de alerta científico V2.
Gabriela Queiroz não dissocia, “de todo [a crise], daquilo que se tem verificado no arquipélago desde há cerca de dois anos, ou da crise sísmica de São Jorge, e mesmo da atividade que se desenvolveu a oeste da ilha do Faial”.
A vulcanóloga ressalva que os sistemas de monitorização do CIVISA “não indicam variações significativas quer ao nível da deformação da costa, quer ao nível de libertação de gases vulcânicos”, sendo que o parâmetro que está “claramente acima da média é o da atividade sísmica”.
“Nós vamos sempre acompanhando o evoluir da situação no sentido de eventualmente se detetar algum sinal ou não”, aponta a vulcanóloga.
Questionada sobre se existem razões de preocupação, Gabriela Queiroz responde que se vive numa região “com sistemas vulcânicos ativos”, havendo que “estar consciente da situação”.
O último sismo registado na ilha Terceira, de 3,7 na escala de Richter, foi registado no domingo à noite com epicentro a sudoeste de Agualva, na ilha Terceira, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Segundo o IPMA, o sismo foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores no domingo às 23:56 locais (00:56 em Lisboa), com epicentro localizado a cerca de seis quilómetros a sudoeste de Agualva.
De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), fortes (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A escala de Mercalli Modificada mede os “graus de intensidade e respetiva descrição”.
Quando há uma intensidade IV, considerada moderada, os carros estacionados balançam, as janelas, portas e loiças tremem e “os vidros e loiças chocam ou tilintam”, podendo as paredes ou estruturas de madeira ranger.
Com intensidade V, o abalo é sentido fora de casa e pode ser avaliada a direção do movimento, as pessoas são acordadas; os líquidos oscilam e alguns extravasam, pequenos objetos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados, as portas oscilam, fecham-se ou abrem-se e os estores e os quadros movem-se.