O Bloco de Esquerda (BE) nos Açores apelou hoje à intervenção do Governo Regional para que seja alcançado um acordo que permita acabar com a greve na Atlânticoline, que “dura há mais de um mês”.

“Perante o impasse nas negociações entre o conselho de administração da Atlânticoline e os trabalhadores, o Bloco de Esquerda considera que o Governo Regional deve intervir e chegar a acordo com os trabalhadores”, defende o BE num comunicado.

O Bloco lembra que a greve na empresa pública de transporte marítimo, convocada pelo Sindicato da Marinha Mercante, “dura há mais de um mês e não tem fim à vista” porque “a administração da Atlanticoline se mostra indisponível para o processo de negociação”.

No entender do Bloco, “a importância das ligações marítimas no grupo Central – principalmente entre o Pico e o Faial – que é utilizada diariamente por muitas pessoas por motivos familiares, profissionais ou por doença, devia merecer da parte do Governo Regional uma atenção especial”.

Nesse sentido, apela ao executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) para promover o diálogo entre a administração e os trabalhadores, lembrando que, “em 2022, perante um outro impasse negocial na mesma empresa, houve intervenção do presidente do Governo Regional”.

O Bloco considera ainda que, perante “a intransigência” da administração para uma negociação, “torna-se essencial o esforço do Governo nas negociações”.

Na quarta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pescas alertou que a greve na Atlânticoline “vai durar o tempo que tiver de durar” e insistiu na intervenção do Governo dos Açores.

“Já se esgotaram todas as situações. A administração não tem condições para negociar connosco. Tem de vir outra pessoa. E o governo. A empresa é propriedade do governo. Esgotaram-se todas as tentativas porque a administração quer aquilo que não é possível”, avisou o dirigente sindical Clarimundo Batista em declarações à agência Lusa.

O alerta surgiu um dia depois de o presidente do Governo Regional ter rejeitado “para já” qualquer intervenção do executivo açoriano no processo negocial.

“Quando a própria administração ou os sindicatos e o próprio governo no seu juízo sobre a situação vir que é útil a sua intervenção, falo-á, mas, para já, (a negociação) é no domínio da autonomia e independência da administração de uma empresa do setor público com os representantes dos seus trabalhadores”, afirmou José Manuel Bolieiro.

Segundo o sindicato, apenas estão a ser realizadas as viagens de serviços mínimos.

A greve começou em 07 de março e chegou a ser suspensa em 19 de março devido às negociações entre o sindicato e a administração, mas foi retomada e está agora marcada por tempo indeterminado.

O sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os “maquinistas de primeira”, valor que a administração da empresa considera financeiramente incomportável.

O dirigente sindical defende que o aumento proposto pela empresa é, na prática, “de apenas 6%”, já que a atualização das tabelas salariais para os trabalhadores da empresa já previa outros aumentos para o corrente ano.

Na segunda-feira, a Atlânticoline garantiu que o conselho de administração “continua empenhado na resolução deste impasse” e que está “consciente dos graves constrangimentos que esta grave tem causado”.

A empresa revelou ainda a intenção de solicitar à Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego a conciliação do processo.

A Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois ferries).

 

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