Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

Duas derrotas eleitorais em cinco semanas ditam o afastamento de Vasco Cordeiro da liderança do PS/Açores, inevitavelmente. A permanência seria a contragosto de todos, isto é, do próprio e dos militantes socialistas. Portanto, falta apenas formalizar o que é uma inevitabilidade.

Daí também não se perceber por que razão Cordeiro obrigou o PS a votar contra o programa do Governo, precipitadamente, sem conhecer o seu conteúdo e os responsáveis pelas áreas da governação. Tal decisão intempestiva retirou protagonismo aos socialistas na discussão do documento, diria mesmo, remeteu-os para um plano secundário na Oposição, afastou o PS da governabilidade que se quer para a Região. Uma força política com vocação de poder acaba, pois, transformada num partido de protesto, ao nível dos extremistas, condição imprópria (e até humilhante) para quem exerceu a governação mais de duas décadas.

Aliás, Vasco Cordeiro saiu praticamente de cena – é de crer que só se arrasta na Assembleia Legislativa para manter o cargo de Presidente do Comité das Regiões. Durante dois dias de debate e uma manhã de intervenções finais, o ainda líder socialista interveio durante um minuto e quarenta e três segundos sobre… manuais escolares digitais. Demitiu-se da Região, declinou nos pequenos partidos a discussão dos problemas reais dos açorianos e a busca de soluções. O futuro destas ilhas é coisa que já não o importuna, pior do que isso, já não o mobiliza. Conseguirá chegar ao Parlamento Europeu? Adivinham-se tempos dolorosos, como habitualmente acontece em todas as transições.

PUB