O presidente da Câmara da Ribeira Grande apontou hoje a emigração como um dos principais fatores para a elevada taxa de abstenção nas eleições legislativas de domingo naquele concelho açoriano, considerando que os cadernos eleitorais “estão inflacionados”.

“Os cadernos eleitorais estão inflacionados devido à questão dos emigrantes. Temos muita gente registada que não vive efetivamente no concelho”, afirmou Alexandre Gaudêncio (PSD), em declarações à agência Lusa.

Entre os cinco concelhos do país com maior abstenção nas eleições legislativas de domingo estão quatro municípios açorianos.

De acordo com os dados provisórios divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o concelho da Ribeira Grande registou 61,4% de abstenção, Vila Franca do Campo 59,4%, Lagoa 57,3% e Vila do Porto 57,1%, quando a taxa de abstenção no território nacional foi de 33,77%.

Em declarações à Lusa o autarca da Ribeira Grande, na costa Norte da ilha de São Miguel, disse que, além do fenómeno da emigração que atravessa gerações para países como o Canadá e Estados Unidos da América, acresce ainda a questão dos residentes que vivem no estrangeiro, por um período transitório, por questões de trabalho.

“Muitas destas pessoas, uma percentagem não inferior a 25%, não residem permanentemente no concelho. É o caso dos emigrantes, que desde algumas gerações vivem no Canadá e Estados Unidos da América. Havendo ainda quem esteja a trabalhar, durante seis meses ou até um ano, na Bélgica, França e Alemanha, e não estão cá por altura das eleições”, acrescentou.

Por outro lado, há “um certo afastamento” quando não se tratam de eleições regionais, observou o autarca, assinalando, contudo, que a taxa de abstenção no concelho da Ribeira Grande diminuiu nas eleições de domingo em relação aos últimos sufrágios.

Contactada pela Lusa, a presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Cristina Calisto (PS), não esteve disponível para prestar declarações.

Nas legislativas anteriores, em 30 de janeiro de 2022, a taxa de abstenção situou-se nos 48,54%, verificando-se já uma participação eleitoral superior à registada nas legislativas de 2019, ano em que a abstenção atingiu o recorde de 51,43%.

A AD conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro lugares da emigração na Assembleia da República, que o PS ganhou em 2022, com três mandatos.

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