Uma campanha política é, por definição, uma atividade de comunicação organizada que envolve vários atores políticos e tem o propósito fundamental de influenciar o resultado dos processos de tomada de decisão através da mudança da opinião pública.

Nas campanhas políticas são mobilizados recursos de diversa índole, sendo que, desde logo, os recursos humanos e financeiros são os que se destacam. Estes recursos são utilizados em diferentes quantidades, bem como em contextos institucionais e situacionais distintos, podendo constituir, mediante uma situação específica, uma ameaça ou uma oportunidade.

As campanhas eleitorais têm, à partida, objetivos específicos. No caso da campanha em curso, o objetivo primordial dos partidos que concorrem a estas eleições prender-se-á com a maximização do número de deputados eleitos, para os partidos que já dispõem de assento parlamentar, e para a eleição de representantes políticos, para os demais partidos sem assento parlamentar.

Também importa ter noção de que outro dos grandes objetivos das campanhas eleitorais é o de influenciar a agenda pública num determinado momento.

Há, portanto, diversas estratégias a adotar. Ao longo do tempo, temos imensos exemplos de estratégias distintas, umas mais bem-sucedidas do que outras. Atualmente, creio que se conseguem distinguir facilmente dois tipos de estratégias: uma de clarificação e outra de insurgência.

Na minha perspetiva, se compararmos os dois grandes candidatos a vencer as eleições de 10 de março, a diferença entre ambos reside na adoção de uma estratégia em específico.

Ora, a AD, procura uma campanha de clarificação, desafiante, muito por via da má situação económica e social do país, tentando diariamente influenciar a agenda política e mediática, fundamentais para garantir destaque nos meios de comunicação social nacionais.

Por outro lado, o PS tem procurado uma campanha de insurgência, querendo contestar a argumentação exposta pela AD em todos os momentos da campanha, por via da contraposição ao posicionamento da agenda marcada pela Aliança Democrática.

De facto, a situação económica e social não será ideal para o partido incumbente, o PS, pelo que aquilo que se tem visto é uma tentativa de os socialistas descredibilizarem não só as propostas mas também os notáveis convidados que Montenegro tem chamado à campanha da AD, como foi exemplo das críticas a Passos, Cristas, Durão Barroso ou Santana.

A pergunta que todos vamos fazendo relativamente aos efeitos das campanhas eleitorais é se estas realmente importam e se impactam assim tanto? Pois bem, na perspetiva dos candidatos, as campanhas podem decidir o resultado de uma eleição, sendo que por isso procuram mover uma grande quantidade de investimento durante o período em que elas decorrem. Numa visão mais teórica do assunto, há quem defenda que as campanhas têm pouca relevância no resultado do ato eleitoral.

Acho que as campanhas são importantes no que diz respeito à identificação partidária, todavia, a arte de persuadir os cidadãos é diminuta, visto que esta acontece sobretudo em contextos informais. São úteis, na medida em que acredito que reforçam o incentivo à reflexão acerca da forma como os cidadãos pensam no ponto de vista político apesar da sua ineficácia no que concerne à ideia de conversão, seja ela a nível de opinião ou de mudança de intenção de voto.

Há sempre a expectativa que, num ato eleitoral renhido, a campanha possa ser um fator decisivo, contudo, aquilo que temos visto é uma tendência crescente para o desalinhamento dos eleitores, provocando um aumento dos indecisos durante o período oficial em que ela decorre.

Em suma, as campanhas eleitorais impactam os cidadãos, uma vez que oferecem informação a eleitores que, de uma forma geral estão pouco informados sobre os atores políticos, assim como no que diz respeito às políticas públicas e consequências que delas decorrem.

Aquilo que realmente importa numa campanha é a mensagem. Uma boa mensagem de campanha deve ser curta, persuasiva e que permita estabelecer um contraste claro entre um candidato e os demais concorrentes.

Ora, acredito que fazendo um balanço geral daquilo que tem sido a campanha eleitoral e pelas razões aqui descritas, Montenegro é quem tem o saldo mais positivo na relação estabelecida com os eleitores. Veremos o que nos dirão os resultados do próximo domingo.

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