Começou esta semana a campanha eleitoral para as eleições legislativas nacionais. A menos de duas semanas do ato eleitoral, o primeiro grande destaque do arranque oficial da campanha foi o debate das rádios, no qual foram introduzidos alguns temas novos como o uso de telemóveis nas escolas e ideias essenciais como é o caso do acordo para reforma na justiça. Além disso, manteve-se o ping pong constante da questão referente à viabilização ou não de um governo minoritário do PS, por parte da AD, isto depois dos conhecidos avanços e recuos de Pedro Nuno Santos relativamente a essa questão, o que tornou a sua posição muito pouco credível.

A pressão exacerbada sobre Luís Montenegro acerca desta temática em concreto, mostra algum sensacionalismo e leviandade com a discussão de cenários hipotéticos no pós-eleições, em detrimento da preocupação com aquilo que realmente importa que é melhorar a condição de vida dos portugueses, perdendo-se consecutivamente oportunidades, já de si reduzidas e muito apressadas, de esclarecer os eleitores acerca das medidas que diferenciam cada partido político.

Devo dar nota para aquilo que tem sido a campanha de André Ventura. De facto, é um líder muito habilidoso. Com efeito, optou por não participar no último debate em que estariam presentes todos os líderes dos partidos com representação parlamentar e fê-lo com o propósito de evitar contraditório às suas propostas ou a exposições negativas às falácias do seu programa eleitoral. Assim, Ventura dá primazia aos seus canais de comunicação controlados, como é prova de uma campanha eleitoral virada para dentro do partido, com sucessivos comícios e pouco contacto com a população externa ao partido, a não ser pelos referidos canais que controla, como é o caso flagrante das redes socais, onde o Chega tem uma implementação muito diferenciada dos restantes partidos.

Na minha perspetiva, a AD está a ter o melhor arranque de campanha dos partidos com assento parlamentar, tendo feito uso daquela que é uma das suas mais controversas armas eleitorais, a presença de Passos Coelho na campanha. Ora, a esquerda, em uníssono apressou-se a desvalorizar aquilo que foi a presença do ex-líder social-democrata em Faro.

Desde logo, os partidos mais à esquerda pediram a Montenegro que o trouxesse mais vezes, claro está, numa tentativa de menorizar o impacto daquilo que foram as declarações do ex-primeiro-ministro que, a meu ver, foram agregadoras da direita (Chega incluído), na medida em que abordou temas comuns a PSD, IL e Chega (se pensarmos exclusivamente naqueles que têm assento parlamentar).

Aquilo que Passos procurou fazer em Faro foi reforçar o peso do PSD e da AD no espectro ideológico mais à direita, através de um esvaziamento do voto noutros partidos, nomeadamente IL e Chega, tendo utilizado no dispositivo argumentativo do seu discurso temas como a economia, a segurança e a imigração para atrair o eleitorado associado a esses partidos, bem como a necessidade de assegurar aos portugueses um governo com um espírito reformista, em alternativa àquilo que tem sido uma governação avulsa.
Mais uma vez, Pedro Nuno Santos, rapidamente lembrou os portugueses dos tempos da

Troika, cujo responsável máximo no Executivo nacional era Passos Coelho, tentando dirimir o impacto e o mediatismo que o ex-líder social-democrata teve na agenda política do arranque de campanha. O PS, nos Açores, foi castigado pela negatividade daquilo que foi a sua campanha eleitoral. Irá Pedro Nuno utilizar a mesma estratégia e procurar resultados diferentes? Veremos.

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