Alexandra Manes

Desde o romper do acordo de incidência parlamentar por parte do Iniciativa Liberal, em março de 2023, que se percebeu que a anterior legislatura seria interrompida e que os Açores iriam a eleições antecipadas.

De março a novembro, a população residente nesta região foi sujeita a uma forte chantagem manipulativa e emocional. Esta chantagem intensificou-se a partir de setembro quando se aproximava novembro, mês em que se debatia o Orçamento para 2024.

O passado recente faz-nos lembrar tudo o que foi dito, por parte dos partidos da coligação, face a um, quase certo, chumbo do orçamento. Pintaram o caos. Assustaram pessoas idosas que se viam manipuladas com a suspensão dos seus apoios sociais.

O programa Novos Idosos ficaria pendente. O apoio de 1500 euros à natalidade acabava. Os funcionários públicos não teriam o aumento na remuneração complementar, entre outros.
Na verdade, a coligação, essencialmente na pessoa de José Manuel Bolieiro, anunciou o apocalipse nos Açores.

Assistimos a um tempo recorde entre a rejeição do orçamento e o acto eleitoral. Marcelo Rebelo de Sousa sabia o que fazia e foi exímio nas suas avaliações, afinal teríamos Portugal em eleições e teria de haver um joguete político, pois desde 2020 que os Açores se tornaram num género de tubo de ensaio para o cenário político nacional.

Queríamos nós que os tempos de espera para uma consulta ou cirurgia fossem estes! Estaríamos todas e todos bem melhor. Enfim.

Por sua vez, o Representante da República para os Açores, Pedro Catarino, fez publicar oficialmente a lista das deputadas e deputados eleitos, no dia 4 de fevereiro, com bastante rapidez.

Agora, percebemos que existe a possibilidade da tomada de posse do novo executivo (governo) acontecer depois das eleições nacionais, pois terá, a partir da data em que tomar posse até 10 dias para apresentar o Programa do Governo, prazo a que se somam cinco dias para a apreciação do documento e estes prazos são incómodos para a campanha eleitoral à Assembleia da República. Ou seja, de forma a não perturbar a última semana de campanha para a Assembleia da República!!

Ora, a acontecer, para além da enorme contradição face ao apocalipse que pintaram, é uma enorme falta de respeito para com os Açores e sua população.
Resta saber se os interesses partidários falarão mais alto do que a nossa região. Ou se a nossa Autonomia se submeterá às ingerências e interesses de Lisboa.

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