A Universidade dos Açores vai apoiar a Escola Básica e Secundária do Nordeste, em São Miguel, na implementação de um projeto de filosofia para crianças, que visa estimular desde cedo o pensamento crítico e estimular a argumentação.

Esse foi o propósito de um protocolo hoje assinado entre a academia açoriana e aquela escola e que tem por base o mestrado sobre Filosofia para Crianças que a academia açoriana disponibiliza desde 2016 em regime de ensino à distância.

“Já temos há algum tempo um protocolo assinado com a escola Armando Cortes-Rodrigues, em Vila Franca do Campo. Agora estamos a assinar um protocolo com a escola do Nordeste. E isto para nós é muito importante. Não é a Universidade que vai fazer um projeto à escola. São as escolas que levam a filosofia aos alunos. Vamos apoiar e disponibilizar consultadoria”, explicou Magda Carvalho, responsável pelo mestrado.

Segundo disse aos jornalistas, “não há nenhum outro mestrado em Portugal em Filosofia para crianças. A Universidade dos Açores tem persistido e tem sido reconhecida no espaço universitário português e internacional para poder oferecer este curso”.

De acordo com Magda Carvalho, o curso tem alunos oriundos de várias “partes do mundo”, nomeadamente do Peru, Argentina e Brasil, bem como do continente e de várias ilhas dos Açores.

“No âmbito deste trabalho que fazemos na academia não queremos ficar fechados. Queremos também transportar a Filosofia para crianças e jovens para as escolas”, referiu, dando nota da importância de incutir “desde cedo” as capacidades criticas e de argumentação dos alunos.

Por isso, o protocolo hoje assinado com a escola do Nordeste permite apoiar o estabelecimento de ensino na implementação de um projeto estruturado de filosofia.

“Dos nossos alunos de mestrado fazem parte professores de escolas. E estamos aqui para lhes dar apoio, consultadoria e informação”, acrescentou Magda Carvalho.

A escola Armando Côrtes-Rodrigues, em Vila Franca do Campo, era a única escola nos Açores com um projeto estruturado de filosofia com crianças, iniciado em 2014/2015, com sessões regulares e continuadas de diálogo filosófico em comunidade.

Para o presidente do conselho executivo da escola do Nordeste, António Rocha, a oficialização desta vertente da filosofia no dia-a-dia dos alunos daquele estabelecimento de ensino é “uma mais valia” para estimular o pensamento “desde tenra idade”.

“Iniciámos há três anos com um projeto-piloto. Vamos percebendo que, ao longo do seu percurso académico, esta é uma lacuna cada vez mais notória, a dificuldade de pensar, de interpretar, de refletir um pouco mais nos assuntos”, considerou.

António Rocha disse que, no caso do Nordeste, “a tutela alocou para o projeto alguns tempos letivos” para que uma docente possa trabalhar, semanalmente, “a dinâmica da filosofia para crianças”.

Amélia Fonseca, pró-reitora para a Cooperação, Internacionalização e Ensino à Distância da Universidade dos Açores, sublinhou igualmente a importância do mestrado de filosofia para crianças, assinalando que a academia açoriana “tem uma vasta equipa de investigadores que trabalham nesta área.

“É um projeto importante para o desenvolvimento das crianças”, vincou aos jornalistas, após a assinatura do protocolo, manifestando o desejo de alargar a cooperação a outras escolas açorianas.

No âmbito do projeto decorre o encontro “filosofâncias: oficinas de filosofias e infâncias”, que promove sessões de filosofia com diferentes grupos de crianças, no sábado, no campus universitário da Universidade dos Açores, em Ponta Delgada.

PUB