Passados 10 dias do ato eleitoral que levou às urnas mais de 115.000 açorianos, percebemos que houve cerca de mais 10.000 votos em comparação com as legislativas regionais de 2020. Hoje, deparamo-nos com um impasse que a todos preocupa. No primeiro discurso pós-eleitoral, José Manuel Bolieiro mostrou uma grande convicção em função dos resultados alcançados. Segundo o próprio, a vitória obtida foi inequívoca. Logo surgiram ecos de vozes discordantes, que apregoam que o mesmo aconteceu ao PS, em 2020.

Vamos a factos: o PS, em 2020, venceu em 6 das 9 ilhas dos Açores, as mesmas que a coligação conseguiu garantir no ato eleitoral do início do mês. No que diz respeito aos concelhos, o PS garantiu a vitória em 12, enquanto a coligação conseguiu 13 dos 19 concelhos da região. Até aqui, há evidentemente grandes semelhanças entre ambos. A grande diferença e, na minha perspetiva, o fator determinante para a firme crença da coligação liderada por Bolieiro, prende-se com o facto de que em 2020, o PSD conseguia apresentar uma alternativa à governação do partido incumbente, facto esse que, em 2024, não é praticável pelo Partido Socialista, a menos que se articulasse com o Chega.

Há vários cenários em cima da mesa. Em primeiro lugar, a Coligação PSD/CDS/PPM poderá procurar a aprovação do seu programa de Governo, por via da negociação e diálogo com único partido que resta para o efeito (Chega), isto depois do anúncio irresponsável e imaturo do PS/Açores no sentido de reprovar o programa de governo dos sociais-democratas, dado que devia ter procurado utilizar a sua capacidade de influenciar o programa de governo da coligação, em prol da melhoria das condições de vida dos açorianos.

 

Se equacionarmos um cenário de aprovação ou abstenção, o Chega viabiliza a formação do Governo minoritário da coligação e funciona como garante da referida estabilidade política na Região. Por outro lado, em caso de não existência de negociação, os Açores arriscam-se a novo ato eleitoral que, poderá ser substancialmente negativo para o PS, uma vez que rejeitam aquilo que foi a vontade da maioria do povo açoriano, estagnando a região durante 1 ano. Já o Chega, não tem muito a perder, uma vez que, por se tratar de um partido de protesto e antissistema, não deverá ter grandes oscilações no sentido de voto do seu eleitorado.

Estamos perante duas possibilidades:  Bolieiro cede à vontade do líder do Chega Açores e forma uma solução governativa maioritária à direita ou o Chega Açores modera-se (como se tem percebido ser vontade do líder nacional) e viabiliza um Governo minoritário da coligação.

Aquilo que sabemos é que o Chega Açores, em articulação com a sua direção nacional, terá um papel decisivo na estabilidade política na Região Autónoma dos Açores.

Espera-se que tanto o Chega Açores, como a coligação tenham a responsabilidade e maturidade política para pensar primeiro no povo que representam em vez dos interesses e estratégias partidárias.

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