O presidente do PSD voltou hoje a recusar entendimentos com o Chega, com André Ventura a acusá-lo de irresponsabilidade e de deixar o país “no colo do PS” e na instabilidade política.

O frente a frente entre Luís Montenegro e André Ventura na RTP para as legislativas antecipadas de 10 de março prolongou-se hoje por quase 40 minutos, com a primeira parte dominada pelos cenários de governação pós-eleições.

O líder da Aliança Democrática (que integra PSD, CDS-PP e PPM) nunca respondeu se viabilizará um Governo minoritário do PS, dizendo que não está a “trabalhar num cenário de derrota” e que até está a “lutar por uma maioria absoluta”.

Luís Montenegro fez questão de usar os primeiros minutos do debate para repetir que só governará se vencer as eleições e que não fará “nenhum entendimento político” com o Chega, apontando três razões principais para esta posição.

Em primeiro lugar, disse, “por uma questão de princípio”, recusando associar o PSD a “alguém que tem políticas e opiniões populistas, racistas, xenófobas e excessivamente demagógicas”; em segundo, “por decência política”, lamentando que Ventura tenha dito, ainda no domingo, que o PSD “era uma prostitua política”.

“Isto é o grau zero da política, não pactuo com esta linguagem”, disse, apontando, como terceira razão, a irresponsabilidade do programa eleitoral do Chega, cujas principais medidas estimou custarem mais de 25 mil milhões de euros.

Na resposta, André Ventura considerou que a recusa de Montenegro em dizer que não viabilizará um Governo minoritário do PS significa que o vai fazer, mesmo que haja uma maioria parlamentar de direita.

“Está a prejudicar o país, está a ser o idiota útil da esquerda. É a direita de que a esquerda gosta, não se coliga com ninguém e nunca terá maioria, a esquerda terá via verde para chegar ao poder”, acusou.

Questionado se o Chega estará disposto, ainda que sem acordos, a viabilizar um governo minoritário do PSD para impedir o PS de governar, Ventura manifestou-se apenas “disponível para conversar”.

“O Chega está disponível para uma convergência para que o PS não governe. Outro partido arrogantemente diz que não, se o PSD não quiser conversar assumirá o ónus dessa irresponsabilidade e da instabilidade”, acusou.

Ventura acusou Montenegro de, na Madeira, se ter aliado ao PAN, um partido que também considera fundamentalista, apenas para se manter no poder e de, nos Açores, ter tentado primeiro um acordo com o PS que “os mandou dar uma volta”.

“A arrogância em política normalmente corre mal”, avisou, sugerindo que o Chega poderia ficar à frente do PSD nas próximas legislativas.

Montenegro respondeu que “quem muda muitas vezes de opinião é André Ventura” e que as sondagens mais recentes apontam para uma tendência de crescimento da AD.

“Estamos a lutar pela maioria absoluta (…) O Chega terá um dia ocasião, se a AD não tiver maioria absoluta, para se aliar ao PS para inviabilizar a governação, é isso que está em cima da mesa”, defendeu Montenegro.

Perante a insistência de Ventura de que “ficou claro” que o PSD “vai sustentar o Governo do PS”, Montenegro respondeu que “quem responde a isso é o próprio PS”.

“Mas eu vou discutir isso é com o PS, não é consigo”, afirmou, defendendo que só ele e o líder socialista, Pedro Nuno Santos, são candidatos a primeiro-ministro.

 

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