André Ventura garante que o Chega só viabilizará um executivo de direita se houver “um acordo de governo”, voltando a recusar acordos de incidência parlamentar, até porque considera que o PSD será responsabilizado pela “irresponsabilidade” se recusar entendimentos.

“Tem de haver um acordo de governo nas áreas fundamentais que defendemos e já são claras: Combate à corrupção, a questão da reforma fiscal, a reforma do sistema político e a questão da administração interna e das forças de segurança”, afirmou o presidente do Chega em entrevista à agência Lusa a propósito das eleições legislativas de 10 de março.

André Ventura quer “um acordo de medidas de governo definidas pelos dois partidos”, PSD e Chega, e afirma que “a questão aqui não é tanto o Ministério A, B ou C, ou a secretaria de Estado, é haver um acordo de governo, orientador do governo, definindo-se que medidas vão ser tomadas pelo governo, que medidas são levadas à Assembleia da República, etc”.

O líder do Chega defende que “num acordo de Governo, é difícil” que o seu partido “não esteja representado” no executivo, mas remeteu essa questão “para depois das eleições”.

“Para agora, o que é importante é deixar claro que não faremos nenhum acordo de incidência parlamentar e a haver algum entendimento, passará sempre por um acordo de governação e não por um acordo parlamentar”, indicou, salientando que “sem esse acordo não há estabilidade”.

“Quer isto quer dizer que o Governo cai logo? Não necessariamente, isso vamos ver”, declara.

Ventura assinala que “o Chega é um partido que tem optado pela estabilidade”, mas recusa sustentar um governo se for “completamente contrário” àquilo que o seu partido defende e considera que uma negociação orçamento a orçamento será “um gerador de instabilidade”.

Caso a coligação Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM) recuse um acordo um o Chega, “o cenário constitucional será a AD levar o seu programa, sem qualquer garantia de estabilidade, ao parlamento, e depois se verá”.

“O que faremos é sempre o mesmo, procuraremos que haja uma convergência que permita que haja um governo estável. Se outros não quiserem, serão responsabilizados por esse cenário de irresponsabilidade” e por “entregar o poder ao PS”, afirmou.

Questionado como votará o programa do Governo, o líder do Chega recusou-se a responder, ressalvando ainda não conhecer o que dirá o documento.

O presidente do Chega volta a estabelecer como objetivo vencer as eleições legislativas de 10 de março, mas admite que o resultado “que as sondagens neste momento apontam, entre os 15 e os 20%, seria obviamente um grande resultado para um partido que tem cinco anos”.

Sobre a campanha eleitoral, que vai decorrer entre 25 de fevereiro e 08 de março, o presidente do Chega indica que o partido vai manter a presença na rua e os comícios mas terá também “uma aposta muito grande no digital” e que vai tentar comunicar diretamente com os eleitores via redes sociais.

André Ventura antecipa que vai percorrer todos os distritos e fará também “uma deslocação às comunidades”, mas não conta ir às regiões autónomas durante o período oficial de campanha porque esteve recentemente nos Açores e na Madeira.

Na entrevista à Lusa, André Ventura afirma que há pessoas “nas principais forças” do PSD a trabalhar para que esta convergência exista” com o Chega e apontou que “sempre existiram” contactos entre os dois partidos.

Questionado também sobre a escolha de ex-militantes do PSD ou da IL para candidatos a deputados pelo Chega, incluindo cabeças de lista, em detrimento de dirigentes do seu partido, André Ventura recusa que se trate de estarem “à procura de lugar”, afirmando que em alguns casos a “probabilidade de ser eleito não é assim tão elevada”.

“Não se tratou de ir buscar ninguém. As pessoas aproximaram-se, nós abrimos-lhes a porta, estas pessoas mostraram que estavam convictamente ao nosso lado, e nós entendemos que neste momento são úteis para o partido e fazem crescer o partido”, defende.

 

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