O PSD/Açores reafirmou hoje que José Manuel Bolieiro tem a “firme intenção” de liderar o executivo açoriano com maioria relativa, apesar de o líder regional do Chega ter dito que o social-democrata talvez tenha de mudar de ideias.

“Ele [José Manuel Bolieiro] diz muita coisa, mas ele vai ter de mudar de ideias, se calhar”, afirmou hoje à agência Lusa o líder do Chega/Açores, José Pacheco, indicando que já foram feitos “contactos informais” com “altos dirigentes” para um eventual acordo com o PSD.

Fonte oficial do PSD/Açores contactada pela Lusa “não confirma quaisquer contactos” com o líder regional do Chega e garante que “é firme intenção do presidente governar com uma maioria relativa”.

O presidente da estrutural regional social-democrata e líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, disse no domingo que irá governar com “uma maioria relativa”, salientando que “uma vitória nunca é uma minoria”.

“Eu governarei com uma maioria relativa. E não se trata de uma minoria, uma vitória nunca é uma minoria, é uma maioria de votos e de mandatos”, disse aos jornalistas após o seu discurso de vitória, na sede do PSD/Açores, em Ponta Delgada, ao lado do líder social-democrata, Luís Montenegro.

Hoje, o líder do Chega nos Açores referiu que, “neste momento, há contactos informais, há boa vontade de ambas as partes”, para um acordo que viabilize um executivo de maioria.

José Pacheco reafirmou que o partido rejeita um acordo de incidência parlamentar, como aconteceu em 2020: “Não há acordo. Estamos disponíveis para ir para o Governo [Regional].”

Os contactos informais, acrescentou, “não passam de meras conversas de pessoas que se conhecem e que se estimam e que trocam umas impressões”.

Pacheco repetiu que está disponível para dialogar com Bolieiro, rejeitando conversas com os líderes locais do CDS-PP e do PPM, Artur Lima e Paulo Estêvão, respetivamente. Na noite eleitoral, em que o Chega considerou ser o partido com mais motivos para festejar, o dirigente disse mesmo que qualquer acordo seria inviabilizado pela presença do CDS e do PPM no executivo.

“Nós temos de levar esta governação a sério. Não vamos cometer os erros que foram cometidos em três anos. Incidência parlamentar foi um erro grave. Nós temos de lá estar [no Governo Regional], temos de tomar conta das áreas e temos de nos sentar à mesa, acompanhar. O Programa do Governo tem de lá ter também as nossas bandeiras. Daqui não saímos. Eu penso que também da parte do PSD tem de haver essa abertura. E há essa abertura”, afirmou.

O representante da República para os Açores, Pedro Catarino, prevê ouvir os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa nos dias 19 e 20 de fevereiro, depois de publicados os resultados oficiais das eleições regionais de domingo, que estão desde hoje a ser apurados.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, Pedro Catarino revela que, “à semelhança da prática seguida em atos eleitorais anteriores, aguardará pela publicação em Diário da República do mapa oficial com os resultados eleitorais para proceder à audição dos partidos políticos representados na Assembleia Legislativa, com vista à indigitação do presidente do Governo Regional e à posterior nomeação de um novo executivo”.

Nas legislativas regionais de domingo, a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu e garantiu 26 deputados, o Chega cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.

Em 2020, PSD, CDS-PP e PPM, que então concorreram separados, também conseguiram eleger 26 deputados (PSD 21, CDS-PP três e o PPM dois) e foram feitos acordos com o Chega e a IL.

Agora, o Chega mais do que duplicou o número de deputados, passando de dois para cinco parlamentares, enquanto a IL manteve o lugar que tinha conquistado pela primeira vez em 2020.

À esquerda, o PS conquistou 23 lugares no parlamento, menos dois que nas anteriores regionais, e o BE perdeu um dos dois parlamentares que tinha. O PAN voltou a assegurar um assento no parlamento regional.

Estas três forças políticas juntas têm apenas 25 deputados, ficando a quatro da maioria absoluta.

Em novembro, a abstenção do Chega e do PAN e os votos contra de PS, IL e BE levaram ao chumbo do Orçamento dos Açores para este ano e, no mês seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a dissolução da Assembleia Legislativa e a marcação de eleições.

 

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