O presidente do PSD disse hoje esperar que o Governo “tenha capacidade de diálogo” para travar o protesto das forças de segurança, considerando que a situação é “muito grave” e o executivo socialista “é o principal responsável”.

“Espero que o Governo tenha capacidade de diálogo para suster esta escalada, que não é boa para ninguém. Não é boa para os cidadãos e também não é boa para quem está a protestar”, afirmou hoje Luís Montenegro.

O líder do PSD falava aos jornalistas em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, onde hoje decorrem as eleições regionais.

Na sua opinião, “o que se passa nas forças de segurança é muito grave e não pode ser silenciado”.

“O Governo é o primeiro e o maior responsável. Criou uma desigualdade enorme com o aumento de suplemento de missão à Polícia Judiciária, face à situação que se vive na Polícia de Segurança Pública (PSP) e na Guarda Nacional Republicana (GNR). Um erro que não explicou nem justificou, numa postura de arrogância, de silêncio e de indiferença. Um erro imperdoável”, disse.

Nas declarações aos jornalistas, considerou que a reação dos agentes da PSP e da GNR “é legítima e é justificada”, mas o “erro imperdoável do Governo não dá o direito aos agentes das forças de segurança de violarem a lei, de criarem indisciplina e de provocarem um sentimento de insegurança nas populações”.

“Muito menos é admissível e aceitável fazer ameaças de boicote às eleições legislativas que se vão realizar no próximo dia 10 de março”, acrescentou.

Para Montenegro, num Estado de Direito “ninguém está acima da lei”: “Os agentes das forças de segurança que têm como missão essencial precisamente cumprir a lei, fazê-la respeitar e garantir a segurança dos cidadãos, não podem perder a razão, mesmo quando têm razão por aquilo que possam estar a perder”.

“Espero, sinceramente, que terminem estas ameaças e que haja bom senso. E espero também que não haja forças políticas extremistas e populistas a estimularem este tipo de excessos. A segurança dos cidadãos é demasiado importante para que os partidos se ponham a ‘brincar com o fogo’”, vincou.

O presidente do PSD lembrou que o Governo “criou o problema” e “esteve em silêncio até hoje”: “Aliás, quem veja o primeiro-ministro e os membros do Governo, os ministros hoje na rua, fica até com a sensação de que eles estão a fazer tudo à pressa, que não foram capazes de fazer nos últimos oito anos”.

Referiu que o país tem agricultores, polícias, médicos, enfermeiros, funcionários judiciais e até militares “descontentes com a forma como o Governo tratou os servidores da causa pública” e a responsabilidade é do executivo e, no caso das forças de segurança, também do ministro da Administração Interna.

Lembrou que esta semana recebeu na sede do PSD os representantes dos sindicatos da PSP e das Associações Profissionais da GNR, e teve oportunidade de lhes dizer que considera a questão prioritária e que não há negociação a três e quatro semanas das eleições, “do ponto de vista da assunção de compromissos concretos”.

“Agora, a legitimidade e a justificação dos seus protestos não podem colidir com aquilo que é o interesse da comunidade, com aquilo que é a obrigação de missão de aqueles que são investidos na autoridade pública, serem precisamente os promotores da tranquilidade, do sentimento de segurança, do respeito pelos princípios da lei”, vincou.

Os elementos PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há mais de três semanas em protestos numa iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargou a todo o país.

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