O BE pediu hoje ao Banco de Portugal informações sobre o alegado bloqueio da conta do grupo Global Media pelo Banco Atlântico Europa e, a confirmar-se, se esta ação tem fundamento legal.

No requerimento, hoje entregue na Assembleia da República, o BE recorda que o Global Media Group (GMG) é agora controlado pelo World Opportunity Fund, “um fundo de investimento, sediado nas Bahamas, cuja propriedade do capital se desconhece”.

“Entretanto, têm surgido várias notícias que caracterizam uma situação de enorme instabilidade, com suspeitas de descapitalização das empresas e má gestão”, acusam os bloquistas, referindo que “há salários em atraso, uma proposta de despedimento de cerca de 200 trabalhadores, declarações públicas do CEO José Paulo Fafe que desprestigiam os órgãos de comunicação detidos pelo grupo, demissões das direções do JN, do Jogo, da TSF e do Dinheiro Vivo”.

Em comunicado de 02 de janeiro, a administração do GMG dá como argumento para os salários em atraso uma “incompreensível postura do Banco Atlântico Europa”, alegando que o acesso à conta terá sido vedado devido à exploração pública das dificuldades que o grupo atravessa.

“E seria essa uma das razões pelas quais o grupo estava impossibilitado de cumprir com as suas obrigações salariais”, acrescenta o Bloco, que considera essencial que seja “verificada a existência ou não deste bloqueio, bem como a sua natureza e legalidade”.

Nesse sentido, os bloquistas questionam o Banco de Portugal se tem conhecimento dos factos descritos pela comissão executiva da Global Media Group relativos ao Banco Atlântico Europa.

“Verificados esses factos, o Banco de Portugal está em condições de atestar a legalidade da situação?”, perguntam ainda.

O partido solicita ao banco central que remeta ao parlamento a informação relativa ao acesso do Grupo Global Media à sua conta no Banco Atlântico Europa e, caso se verifique o bloqueio, “a respetiva fundamentação legal”.

Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave”.

A Comissão Executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer “todos os esforços” para que o atraso seja o menor possível.

Entretanto, o grupo pagou na quinta-feira o subsídio de refeição referentes ao mês passado e os salários aos trabalhadores nos Açores.

O programa de rescisões na Global Media termina em 10 de janeiro, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.

Em 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

 

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