O plano e orçamento regional foi reprovado na Assembleia Regional, sem surpresas, perante as notícias que foram sendo conhecidas, acompanhadas pelas acusações mútuas, chantagens e vitimizações. A direita e a extrema-direita mais pareciam o treinador que quer o mérito quando ganha, mas que atira a culpa para os jogadores e o árbitro quando perde. Mostram, assim, que esta solução governativa assentou mais em interesses pessoais do que na responsabilidade, no compromisso e na maturidade política.

A instabilidade política não apareceu agora. Foi, desde o início, o resultado de uma política pensada para os lucros das grandes empresas regionais, de interesses contraditórios entre si, e do crescimento das desigualdades económicas e sociais. Os conflitos internos foram sempre evidentes, a par das enormes dificuldades enfrentadas pelos Açorianos, que foram sendo agravadas pela ação do governo regional que as devia combater.

Ficou demonstrado que a direita e a extrema-direita não têm nem soluções, nem um projeto político para os Açores. Ou melhor, têm, mas pouco se distingue daquele que o PS implementou durante 24 anos. As diferenças são de pormenor. Por isso, em vez de discutir política e soluções, assistimos à IL e CH a fugir às suas responsabilidades.

Com este cenário, o resultado era previsível. Ninguém quer assumir a paternidade dos resultados da política do governo regional. Mesmo o governo regional prefere a propaganda, fingindo não ver a realidade. Este permanente jogo em que todos recusam as culpas da política pela qual são responsáveis foi-se tornando crescentemente insustentável com o tempo, sobretudo depois de ser público o rasgar dos acordos parlamentares. A partir desse momento, podia o Presidente da República ter exigido uma clarificação. Não o fez e deve, agora, fazer a devida avaliação política e institucional, sem fugir às suas próprias responsabilidades. O espaço para não convocar eleições é muito reduzido e sem grandes argumentos. Veremos o que será decidido.

Alguns procuram personalizar a situação. Esse é o melhor caminho para mudar alguma coisa, mantendo tudo na mesma. O problema é mais profundo que os rostos e nomes. Seria bom se pudéssemos resolver tudo apenas com a substituição da personalidade A ou B. Mas não é assim. É verdade que essas personalidades podem ser mais competentes ou mais simpáticas. Mas o que importa é se as soluções encontradas resolvem ou agravam os problemas. O que importa são as opções políticas. E isso está muito para além das figuras e das personagens!

Para além de toda esta poeira, fica demonstrado que a CDU faz mesmo falta no Parlamento Regional. Trata-se de um projeto político claramente diferente, assente no desenvolvimento económico e social, na produção regional e no aumento dos rendimentos, que combate as desigualdades e valoriza os serviços públicos, como a Saúde, a Educação, os transportes aéreos e marítimos. É por isso que a melhor forma de mudar, aquela mudança a sério, é a CDU ter mais votos e eleger deputados. Essa pode ser a maior novidade das próximas eleições regionais, assim o queiram os Açorianos!

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