O presidente do PS, Carlos César, manifestou hoje apoio à candidatura de Pedro Nuno Santos ao cargo de secretário-geral do partido, considerando que é quem está mais próximo da interpretação autêntica do percurso político do líder cessante, António Costa.

Esta posição sobre as eleições diretas internas dos socialistas dos próximos dias 15 e 16 foi transmitida através de uma nota que publicou na sua conta pessoal na rede social Facebook, na qual também lamenta que José Luís Carneiro “esteja a ser sitiado pela euforia apologética da maioria do comentariado e dos dirigentes da direita portuguesa”.

“Torno agora público o meu apoio a Pedro Nuno Santos. Não o fiz antes por entender que as minhas funções de presidente do partido poderiam conflituar se chamado a intervir em algum procedimento preparatório desta eleição interna. Faço-o, agora, por ser um dever de opção e de clareza de todos os militantes do PS”, justifica o membro do Conselho de Estado.

Carlos César refere depois que tem militância no PS há 49 anos e que mais recentemente esteve, “entre poucos outros, na origem da primeira candidatura de António Costa à liderança do PS, na negociação que o levou a primeiro-ministro e, solidariamente, no seu trajeto até aos dias de hoje”.

“Nesse processo, aliás, Pedro Nuno Santos foi uma presença ativa e influente constante, e como tal, entre os agora três candidatos, pode dizer-se que é o que esteve e está mais perto da interpretação autêntica desse percurso liderado por António Costa”, sustenta o antigo líder parlamentar do PS (2015/2019).

O presidente dos socialistas vê em Pedro Nuno Santos “um líder distintivo e não um apêndice”.

“Por isso, pelo que mostrou e não pelo que escondeu, esteve sempre exposto à crítica e ao elogio e será escolhido pelo que é e não pelo que o querem aparentar ser. Com ele, poderemos prosseguir o melhor do trabalho realizado pelos governos de António Costa, mas, saudavelmente, mudando no que há a mudar e inovando no que há a inovar”, defende.

Em relação à atual disputa para a liderança do PS, Carlos César entende que o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação “fala o mínimo dos seus concorrentes internos e o máximo do país e dos seus adversários externos”.

“Tenho pena, todavia, que José Luís Carneiro esteja a ser sitiado pela euforia apologética da maioria do comentariado e dos dirigentes da direita portuguesa. Não creio que o quisesse, tanto mais que nenhum desses novos lisonjeadores o quererá, depois, como primeiro-ministro” aponta.

Ainda de acordo com o antigo presidente do Governo Regional dos Açores entre 1996 e 2012, Pedro Nuno Santos combina “as competências e a maturidade que a sua militância cívica e os seus cargos de Governo lhe proporcionaram com a sua capacidade de liderança e mobilização do PS”.

“Precisamos, todos o sabemos, de mais determinação, decisão e capacidade realizadora no País, para não perdermos o tempo que nos é proporcionado. Precisamos, igualmente, de um partido que não se esconda do lugar na esquerda que é seu, afirmando-se como partido dialogante, mas liderante”, salienta, aqui numa alusão crítica ao posicionamento estratégico da candidatura do atual ministro da Administração Interna.

Neste ponto, Carlos César vai ainda mais longe, escrevendo que “o PS não se confronta com o atual PSD por ser parecido com ele, mas, pelo contrário, por um e por outro abrirem as portas a caminhos diferentes que não são sobreponíveis no tempo e no país em que hoje vivemos e na dimensão democrática que hoje importa recriar e assegurar”.

“O PSD que temos é dos piores e mais cínicos PSD que já tivemos. O PS não pode, por isso, se dissolver no centro ou contemporizar com a direita, nem se confundir à sua esquerda falhando a história dos seus compromissos ideológicos, éticos e internacionais, compromissos que, apesar de tudo, foram sempre salvaguardados na experiência de Governo que fizemos na legislatura iniciada em 2015. Pedro Nuno é, nestas dimensões, quem oferece melhores garantias”, acrescenta.

 

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