“Hoje, temos o mais alto dignitário das Nações Unidas, o engenheiro António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, que tem dado mostras, na sua liderança, de que faz prevalecer a sua atitude, e com êxito, pelas Nações Unidas, em função da humanidade e dos cuidados e responsabilidades humanitárias, e não da geografia geoestratégica e política”, disse o líder do Governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM).
E prosseguiu: “E isso merece, da minha parte, solidariamente, enquanto presidente do Governo [Regional], uma palavra de incentivo ao nosso secretário-geral das Nações Unidas, pela defesa dos direitos humanos, a favor de todos, contra quem quer que seja, sem distinção, na denúncia, na crítica – que possa dirigir a quem justifica a crítica -, e o apelo a todos para que possamos lutar pela paz e não pela guerra”.
No seu discurso, proferido na cidade da Horta, na ilha do Faial, no encerramento do I Fórum das Migrações dos Açores, Bolieiro também aludiu a António Vitorino, ex-Diretor-Geral da Organização Internacional para as Migrações, pela visão que deve ser dada “ao entendimento intercultural no mundo das migrações e da compreensão da diferença”.
“Tive oportunidade de testemunhar diretamente do doutor António Vitorino uma reflexão que fez e que eu acompanho na íntegra. É que, provavelmente, nos tempos hodiernos que vivemos, os movimentos migratórios são os nunca dantes experimentados em toda a História da humanidade e em toda a geografia do planeta”, relatou.
E os movimentos migratórios, continuou, ocorrem “pelas mais múltiplas razões e diversificadas motivações”.
“Infelizmente, umas muito negativas, resultantes da guerra, da fome, da pobreza, e outras muito mais felizes e motivadoras, como sejam a busca da felicidade e, sobretudo, uma dimensão intercultural e de mobilidade facilitada, cada vez mais global no planeta”, justificou.
Na sua opinião, e do executivo que lidera, as fronteiras “são uma disciplina” e não podem nem devem ser “uma barreira” para a mobilidade.
Bolieiro falou depois da realidade açoriana, salientando que o executivo está a construir um ecossistema, não apenas legislativo mas, sobretudo, regulamentar e de organização, “que ajuda, que fomenta, que facilita, a integração” dos que chegam e a compreensão dos residentes.
“Temos esta visão e esta atitude. E lideramos pelo exemplo e não apenas pela palavra”, disse.
Reafirmou ainda que em 2024 a região terá um guia facilitador da contratação de imigrantes por parte de entidades patronais.
O I Fórum das Migrações dos Açores, que começou na quinta-feira e termina hoje, foi organizado pela Presidência do Governo, através da Direção Regional das Comunidades, nas ilhas do Faial e do Pico.
Teve como objetivo “promover e dinamizar a reflexão e o debate sobre a integração e políticas de acolhimento dos cidadãos Naturais de Países Terceiros (NPT) na região, a nível económico, social e cultural, permitindo uma troca de experiências e de boas práticas a nível organizacional e empresarial, no contexto regional”.
O encontro reuniu, entre outros, representantes diplomáticos dos cidadãos estrangeiros nos Açores, associações de apoio a imigrantes e entidades públicas e privadas direta ou indiretamente relacionadas com a problemática regional das migrações.