I

A nossa casa da Autonomia continua, a cada sessão, a me surpreender. Como diz o sábio Povo, quando confrontado com acontecimentos estranhos ou até inusitados, até parece mentira. E é essa a expressão que cada vez mais me ocorre quando vejo determinados debates. Ao assistir a um autêntico mortal encarpado com flic-flac à retaguarda sobre a Lei do Mar, lá veio a expressão à memória. Mas, infelizmente, é bem verdade o que todos vimos. Tal como é verdade a discussão prolongada sobre uma proposta do governo relativamente ao IVA para as autarquias. O tema reunia total consenso. Mas, por aquelas paragens, pode-se andar umas horas a discutir a plenos pulmões e depois lá vem a unanimidade na votação. Parece mentira, mais uma vez, mas é bem verdade. E aconteceu, outra vez, entre as duas maiores bancadas relativamente ao estatuto de quem é mais seguidor de São Mateus (primeiro aos seus). Uns atiram as pedras dos últimos 3 anos de governança e os outros, como seria básico, recorrem a pedras e mais pedras de 24 anos. Não parece mentira? Pois, mas é verdade. Todos vimos e a (quase) todos custa a crer. O mesmo se pode dizer de intervenções na área da saúde e da educação. Parece mentira que se continue a entrar por caminhos demasiados estreitos. Mas é verdade. E como, também, se falou de animais no plenário, recordei-me de uma outra expressão popular que assenta que nem uma luva: não se vê moita donde saia coelho!

II

Vem aí mais um partido. É uma importação do arquipélago vizinho. Teremos por cá, daqui uns dias, o partido JPP. Juntos pelo Povo. O partido – inicialmente movimento de cidadãos – criado por dois irmãos para concorrer à freguesia de Gaula, concelho de Santa Cruz, na Madeira. Da conquista da junta de freguesia de Gaula, passou para a Câmara Municipal de Santa Cruz e posteriormente para a conquista de assentos no Parlamento da Madeira. É obra para um partido de âmbito local, de índole popular e sem qualquer ideologia. E agora parece que vem para cá para aproveitar as dissidências do Chega. Segundo li por aí, o rosto da comissão instaladora do JPP nos Açores é o braço direito do atual deputado independente (ex líder do Chega Açores). Já se está a perceber o papel de um e de outro… Para já, o início não podia ser mais em falso… Então não é que o assessor parlamentar do ex Chega (atual deputado independente) veio dizer-nos que “há espaço político nos Açores para um partido de cidadania e apartidário”. “Apartidário”? Um partido apartidário?! Parece mentira, não parece?

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