Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

A inflação galopante atirou as receitas fiscais, entenda-se, do IVA, para valores superiores aos previstos em qualquer orçamento, mesmo depois da dedução do dito imposto sobre certos bens alimentares. Isto não é novidade para ninguém. Também é por isso que se diz que a inflação é socialmente injusta, por abranger por igual ricos e pobres, sem a proporcionalidade e progressividade que têmhabitualmente os sistemas fiscais. Dito de outro modo: um pobre paga a inflação na mesma medida que um rico, embora com rendimentos absolutamente diferentes.

Nestes momentos de crise são reclamadas medidas para combater a subida dos preços, a começar pelo preço do dinheiro. Aliás, os juros sobre os empréstimos são um dos principais fatores impulsionadores do valor da inflação e, dizem os economistas, a retração do consumo é um dos remédios para combater a espiral inflacionária. Esta visão dos economistas, obviamente, colide com a reclamação de políticas públicas de ajuda às famílias. A dificuldade está, portanto, no equilíbrio entre e económico e o social. É aqui que entra a arte de governar.

Deve o excedente orçamental ser totalmente utilizado em fins sociais, conjunturais? Num país pobre e tolhido por elevada dívida pública, o mesmo também é dizer nos Açores, gastar tudo o que estiver à disposição dos governantes pode ser popular e no curto prazo render muito eleitoralmente, mas não é prudente e, pior do que isso, compromete irremediavelmente o futuro. Foi isso que fizeram no passado e nos trouxe até aqui. Um dia temos mesmo de aprender com a história.

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