Todos nós associamos o PAN a causas ambientais. Mas o PAN é muito mais do que isso, pelo menos quando está presente nos hemiciclos. O PAN é um partido urbano. O PAN é um partido, maioritariamente, do agrado da juventude. O PAN não é um partido de esquerda ou um partido de direita. O PAN procura(va) correr numa pista muito própria.
O PAN, na República, foi penalizado nas últimas eleições legislativas realizadas na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Isto mesmo não tendo votado contra (absteve-se).
No entanto, o eleitorado ao concentrar a votação no PS, esvaziou e muito a representação do PAN, a qual ficou entregue apenas à sua líder que foi eleita pelo círculo de Lisboa. Não sei se este tombo eleitoral teve alguma influência, mas a verdade é que há indicadores políticos interessantes a partir desse momento. Principalmente nas Regiões Autónomas.
Por cá, recorde-se que o PAN já votou de todas as formas o Plano e Orçamento. O Deputado Pedro Neves começou por se abster (Plano e Orçamento para 2021); a seguir votou contra (Plano e Orçamento para 2022) e no último (2023) votou… a favor! Seguramente fê-lo com base em fundadas razões, inclusivamente razões que a própria Razão desconhece…
No arquipélago vizinho, na sequência das eleições do passado dia 24 de setembro, o PAN acaba de celebrar um acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD-CDS-PP. Acordo este que é fundamental para a formação da maioria absoluta que Miguel Albuquerque não conseguiu. Mas, segundo a narrativa verde da deputada eleita pelo PAN/Madeira, “(…) não somos parte de uma maioria parlamentar.Não existe essa maioria. Apenas existe um acordo de incidência parlamentar que o PAN se propôs a discutir e negociar juntamente com a coligação (…)”.
Acrescentando, ainda, que “a qualquer momento, perante o não cumprimento do acordo, estamos preparados para nos retirarmos.” Perceberam? Isto é o PAN. Está dentro, mas é como se estivesse fora. Vai aprovar o programa do governo da coligação, mas também convém dar a ideia que pode chumbá-lo. Vai aprovar o orçamento, mas muito provavelmente não se irá rever nele.
É fundamental para o poder, mas não é poder. Até, em determinados dias, vai dizer por lá que é oposição. Isto é capaz de ter piada, mas também pode não ter piada nenhuma. Vamos a ver o que dá. Se correr bem, o PAN fica na foto.
Se correr mal, o PAN salta da foto. Este deve ser o programa das festas. A realidade, como sempre, será bem diferente. O PAN, de lá ou de cá, sabe que toda a opção tem consequências. Aguardemos… ainda que saibamos todos como isto vai acabar!