A crise está a agravar-se e muitas famílias portuguesas correm o risco de entrar em situação de incumprimento bancário. É preciso ter uma atitude de prevenção para evitar que se acumulem dívidas. Existem algumas formas de equilibrar o orçamento e gerir a situação financeira.

Com a crise iniciada pela pandemia da Covid-19, muitas foram as famílias que viram a sua situação financeira piorar, resultando numa maior dificuldade em pagar todas as suas mensalidades, incluindo as suas responsabilidades de crédito. Após o fim das moratórias privadas em março de 2021, alguns portugueses voltaram a ter de pagar as suas prestações de crédito que se encontravam abrangidos por esta medida. Entre o primeiro semestre de 2021 e o presente (2º semestre de 2023), os juros de créditos à habitação com taxa variável, não pararam de subir. Mesmo com as medidas que o governo já implementou e prevê implementar (Pacote Mais Habitação), muitos são os portugueses em risco de incumprimento.

De forma a evitar chegar a um ponto em que não é possível seguir com os pagamentos no momento certo, é preciso tomar uma atitude de precaução e antever como o orçamento mensal se vai encontrar quando as mensalidades voltarem a ser pagas de forma regular. Para isso, existem 5 formas de evitar que se criem dívidas desnecessárias que poderão atrapalhar as finanças familiares:

1 – Organizar orçamento mensal atual

Antes de mais, um dos pontos essenciais será ter a perfeita noção dos rendimentos disponíveis e de todas as despesas existentes a cada mês. Para isso, será preciso encontrar os gastos fixos, como é o caso da renda ou prestação da casa, as contas da luz, água ou comunicações, assim como outras mensalidades de crédito. Depois, há que separar as despesas periódicas, como os pagamentos ao Estado (IMI, IRS, entre outros), seguros ou subscrições tecnológicas (Netflix, Spotify, entre outros). Além de se ter as contas em dia, evita-se criar ainda mais uma dívida ao Estado, que acarreta o pagamento de coimas. Uma forma simples é criar um excel com as datas de todos esses pagamentos, para além de apontar os gastos mensais. Assim, existirá uma ideia clara de quanto se pode gastar a cada mês.

2 – Gerir as despesas extra com a fórmula 10-30

Para quem sente que está sempre a gastar mais do que o que devia, existe uma fórmula conhecida como a 10-30. Ou seja, após ser feita uma identificação das despesas mensais fixas e de como as gerir da melhor forma, poderá ajudar a colocar 10% dos rendimentos de parte numa espécie de poupança. Isso pode ser feito transferindo esse montante para uma conta menos utilizada ou até para cofres dentro das contas bancárias que já estão disponíveis em alguns bancos online.Por outro lado, os 30 deste “truque” representam os 30% do rendimento que devem ser destinados a despesas com cartões de crédito ou prestações, sendo que esse valor não deve ser superior a essa percentagem. Caso se esteja a gastar mais do que esses 30%, poderá ser útil rever os contratos ou recorrer a produtos que reduzam essa quantia.

3 – Reduzir a mensalidade dos créditos ativos

Um dos produtos financeiros que acaba por ser mais uma solução do que um gasto mensal é o crédito consolidado. É que, ao se juntarem os créditos numa única mensalidade, é possível reduzir a prestação mensal dos empréstimos ativos. Isto porque passa-se a ter apenas um contrato com o montante que falta reembolsar dos créditos já adquiridos, sendo que são aplicadas taxas de juro mais baixas. Mesmo que se tenha contratado empréstimos em entidades financeiras diferentes, é possível juntar todos eles num novo contrato. Porém, também existem situações em que poderá ser proveitoso já ter feito os créditos anteriores na mesma instituição. Consolidar créditos poderá significar uma redução das prestações até 60%. Compare as propostas de diferentes instituições e bancos para chegar à melhor solução.

4 – Antecipar incumprimentos e pedir ajuda junto do banco

É possível que algumas pessoas estejam a passar por uma altura em que os rendimentos já não estão a dar conta de todas as despesas. Caso a situação financeira esteja frágil, o melhor é mesmo antecipar o eventual aumento de despesas. Para ajudar a evitar o incumprimento no pagamento de prestações existem ajudas extrajudiciais criadas pelas instituições de crédito – o Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI) e o Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI). Estes procedimentos são um direito do cliente e permitem a deteção precoce de indícios de risco, sendo que as entidades guiam o cliente de forma a evitar dívidas. Para ativar estas medidas, é preciso contactar os bancos ou entidades financeiras onde foram feitos os créditos.

5 – Criar lista de espera para outras despesas

Caso já não exista tanta segurança em relação ao orçamento disponível para outros compromissos, será útil colocar um travão em certos desejos ou compras não essenciais. Por exemplo, para quem está constantemente a fazer contas à vida, poderá ser benéfico não avançar com remodelações em casa ou na compra de uma nova televisão. Assim, essas necessidades podem ir para uma “lista de espera”, em que os pontos incluídos só poderão ser concluídos quando existir uma margem de manobra suficiente para ter todas as contas em dia. Além disso, essa lista poderá contemplar prioridades, colocando em primeiro lugar os gastos mais úteis. E, por fim, apontar o montante necessário para realizar cada objetivo. Isso dará mais motivação a aplicar o dinheiro no que é imprescindível e a não o gastar desnecessariamente.

Ao serem seguidos estes conselhos, será possível não só antecipar situações de maior risco, como também melhorar a gestão do orçamento mensal. Assim, existirá um maior controle das finanças pessoais, o que contribui para uma situação financeira equilibrada e sem histórico de dívidas.

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