A Câmara de Ponta Delgada exigiu hoje ao governo dos Açores um “reforço dos trabalhos de limpeza” nas ribeiras do concelho, alertando que “apenas por milagre” é que o mau tempo não provocou vítimas mortais.

“As zonas e linhas de águas de risco estão já identificadas e aquilo que a Câmara Municipal apenas exige é que o Governo Regional faça a sua parte, no âmbito da limpeza eficaz e permanente a que deve proceder sobre estas ribeiras e grotas”, afirmou o presidente do município, o social-democrata Pedro Nascimento Cabral, citado em comunicado.

O autarca reivindicou ao Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) um “reforço dos trabalhos de limpeza e desobstrução” das ribeiras para “prevenir novas inundações e salvaguardar a proteção de pessoas e bens em futuras intempéries”.

“Atrevo-me a dizer que, apenas por milagre, não têm resultado vítimas mortais deste tipo de eventos. Por isso, é urgente que o governo dos Açores atue já e previna situações de catástrofe”, alertou.

Entre a noite de domingo e segunda-feira, nos concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande, em São Miguel, foram registadas 56 ocorrências na sequência de chuvas fortes.

Fonte da Proteção Civil de Ponta Delgada adiantou à Lusa que quatro agregados familiares, num total de 17 pessoas, ficaram desalojados nas freguesias de Ginetes, Santo António e Remédios da Bretanha, tendo sido encontrada uma solução habitacional temporária.

A Câmara Municipal adianta que está a fazer o “levantamento de dados e de todos os prejuízos sociais” e que durante a semana esteve a proceder ao “realojamento de famílias” e a desenvolver um “trabalho de limpeza das vias municipais”.

“Temos estado em contacto permanente com estas famílias, uma delas já realojada numa casa que é propriedade do município. Estamos a proceder ao levantamento de dados e de todos os prejuízos sociais”, realçou Nascimento Cabral, segundo a nota da autarquia.

Na quarta-feira, a propósito das ocorrências provocadas pelo mau tempo, o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas do governo dos Açores rejeitou que tenha existido falta de limpeza nas ribeiras, lembrando que a rede hidrográfica da região “tem mais de sete mil quilómetros de extensão”, não sendo possível “intervir em todas as ribeiras ao mesmo tempo”.

À Lusa, o governante sublinhou que existem “responsabilidades repartidas” na limpeza das ribeiras, lembrando que, em caso de zonas privadas, esse processo cabe aos proprietários e em locais de aglomerados urbanos a responsabilidade é da Câmara Municipal.

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