Esgotos de habitações estão a correr para o interior da lagoa da Caldeira do Santo Cristo, na ilha de São Jorge, disse à Lusa o presidente da Associação de Produtores de Ameijoa.

A Caldeira do Santo Cristo está classificada como reserva natural desde 1984, baseada em vários critérios, incluindo a sua origem e geologia, bem como devido à presença da amêijoa Tapes decussatus.

Em 1989 foi transformada em Área Ecológica Especial, visando salvaguardar a população de amêijoas e manter o equilíbrio ecológico da área.

Integra ainda a rede Ramsar, sendo, como as restantes fajãs de São Jorge, reservas da Biosfera, da Unesco.

José Borges, presidente da Associação de Produtores de Ameijoa da Fajã do Santo Cristo, refere, em declarações à Lusa, que há antigas ruínas onde são construídas casas de veraneio e projetos turísticos onde “são montadas fossas, cozinhas e casas de banho que vão desaguar à lagoa”.

“As casas de veraneio ou alojamentos locais são todas feitas com fossas séticas, ficando em frente à lagoa. Uma vez saturadas, com as chuvas de inverno, e algumas de verão, vem tudo para a lagoa”, declara José Borges.

Na Caldeira do Santo Cristo, já habitou uma expressiva comunidade, mas hoje são apenas cerca de uma dezena os habitantes permanentes, sendo esta muito procurada pela sua beleza natural por turistas.

O responsável aponta a existência da construção de casas de madeira em terrenos onde apenas existem hoje ruínas de habitações, havendo uma “grande procura atualmente por terrenos rústicos”.

“Na margem da lagoa, nem sequer a cinco metros da orla marítima, está-se a construir num local que é proibido construir qualquer coisa”, afirma.

José Borges refere que “tem havido uma grande pressão em termos turísticos” para construir no local, defendendo que, “há mais de 20 anos” é apologista que, antes de dotar a caldeira de água potável e luz, deveria ter-se feito o saneamento básico”.

“De ano para ano nota-se mais turistas [na caldeira do Santo Cristo].De futuro, temos que fazer qualquer coisa para controlar isso”, defende, para subscrever um limite de carga como existe atualmente em outros locais como a montanha do Pico ou o ilhéu de Vila Franca do Campo.

José Borges denuncia ainda que “há pessoas a utilizarem moto quatro, com base na licença concedida para acederem às suas habitações, para realizaram ‘transfers’ para alojamentos locais”.

A agência Lusa questionou a Câmara Municipal da Calheta, mas não obteve resposta até ao momento.

O responsável pela Associação de Produtores de Ameijoa da Fajã do Santo Cristo afirma que já fez chegar as suas preocupações ao Governo Regional, indo, em breve, reunir com responsáveis pelo ordenamento do território, para expor as suas pretensões.

A fajã da Caldeira do Santo Cristo é também considerada um santuário do ‘bodyboard’ e do ‘surf’.

Na semana anterior, a Secretaria Regional do Mar e das Pescas, através da Direção Regional das Pescas, assinou um contrato com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para a aquisição de serviços visando a classificação e monitorização da Lagoa da Fajã de Santo Cristo como Zona de Produção de Moluscos Bivalves

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