A secretária regional da Saúde dos Açores disse hoje que houve um aumento de consultas e exames em 2022, acusando o BE de “desonestidade” por ter criticado os dados do ano de 2021, ainda afetado pela pandemia.

“Se compararmos os dados de 2019 com os dados de 2022 não é de todo verdade que haja uma diminuição da atividade assistencial, quer a nível de realização de exames complementares de diagnóstico”, afirmou a titular da pasta da Saúde nos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), Mónica Seidi, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião com a secção regional da Ordem dos Enfermeiros.

Na terça-feira, o líder regional do Bloco de Esquerda, António Lima, avançou, em conferência de imprensa, que o relatório dos “Indicadores de Saúde 2016-2021” indicava “uma brutal quebra de atividade nas unidades de saúde de ilha em 2021, por comparação com 2019”, alegando que os dados desmentiam “os anúncios de recordes por parte do Governo”.

Segundo o dirigente bloquista, em 2021, as unidades de saúde de ilha realizaram menos 50 mil consultas médicas e menos 40 mil atendimentos urgentes em comparação com 2019.

Mónica Seidi acusou o BE de “desonestidade”, por “apresentar como ano comparativo o ano de 2021”, em que “a atividade assistencial, quer a nível das unidades de saúde de ilha, quer a nível dos hospitais, esteve fortemente condicionada” devido à pandemia de covid-19.

“Os profissionais de saúde da região que tanto deram e tanto continuam a dar não merecem ver o trabalho reconhecido desta forma”, frisou.

A secretária regional da Saúde disse que os dados de 2022, que ainda não foram divulgados, comprovam uma recuperação da atividade assistencial.

“Em 2022, foram realizados mais do que 7,2 milhões de exames em todas as unidades de saúde e hospitais. A nível de consultas hospitalares, o número tem vindo a subir”, salientou.

Quanto à lista de espera cirúrgica, que registou aumentos mensais entre abril e junho e aumentos homólogos nos dois últimos meses, Mónica Seidi justificou com obras no maior hospital da região.

“No caso do HDES [Hospital do Divino Espírito Santo], o facto de o serviço de esterilização ter sofrido obras obviamente condicionou toda a atividade. É uma realidade com a qual lidamos e esperamos recuperar ao longo dos próximos meses que ainda faltam para concluir no presente ano”, apontou.

O líder do BE/Açores criticou também o “recurso cada vez mais sistemático à produção acrescida”, alegando que no Hospital de Ponta Delgada o número de cirurgias feitas em regime de produção acrescida (2.666) quase igualou o número de cirurgias programadas (2.719).

Na resposta, a titular da pasta da Saúde sublinhou que, em comparação com 2019, houve um aumento da produção cirúrgica em 2022.

“Se eu preferia que a produção fosse feita dentro do horário normal, obviamente que preferia, mas a minha preocupação é que os utentes tenham resposta, porque efetivamente se encontram numa lista de espera. Também achava correto terem referido que o tempo médio de espera reduziu”, afirmou.

António Lima apontou ainda críticas ao “subfinanciamento” do Serviço Regional de Saúde (SRS), alegando que os três hospitais da região tiveram um prejuízo de 27 milhões de euros em 2022 e de 11,8 milhões de euros, no primeiro semestre de 2023.

A secretária regional da Saúde disse que o subfinanciamento do SRS é um problema que “está identificado”, mas é “crónico”.

“Desde que tomei posse, é uma preocupação do meu gabinete fazer uma análise, mas é uma análise que não é feita de um dia para o outro, até porque o problema é crónico. O que importa é que os utentes do Serviço Regional de Saúde, independentemente do subfinanciamento ou não, tenham as respostas que tanto necessitam”, rematou.

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