O Governo açoriano lançou hoje o aviso do Capital Participativo Açores (CPA), um “instrumento financeiro inovador” que é dirigido às pequenas e médias empresas (PME) e disponibiliza para 2023 um montante global de 20 milhões de euros.

“É um instrumento financeiro inovador, construído em conjunto com o Banco Português de Fomento e com um diálogo próximo com a banca de retalho instalada nos Açores e baseado no regime jurídico dos empréstimos participativos. (…) É, pois, um instrumento inovador e que junta no mesmo instrumento, de alguma forma, as vantagens do capital próprio e do capital alheio”, disse hoje o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, em conferência de imprensa realizada em Ponta Delgada.

Segundo o governante, trata-se de um instrumento financeiro dirigido especificamente às PME e visa “permitir o seu acesso ao fundo de capitalização” de forma “simples e expedita” e “sem necessidade de recorrerem à assessoria financeira especializada”, pois o apoio será tratado junto dos bancos.

O aviso hoje lançado dá início à primeira fase do processo (credenciação dos bancos junto do Banco Português do Fomento), que decorre até 28 de agosto, seguindo-se a segunda fase relacionada com o recebimento das candidaturas e a instrução dos processos.

Duarte Freitas adiantou que o CPA tem duas fases: o CPA1 (com apoios até 200 mil euros, cujo aviso foi hoje lançado) e o CPA2 (para montantes acima dos 200 mil euros).

“A grande maioria das nossas empresas são micro e pequenas empresas e com esta solução até 200 mil euros, já vamos ajudar imensos empresários açorianos”, admitiu.

O valor global da medida é de 125 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, no orçamento para 2023, estão incluídos 20 milhões de euros (para o CPA1).

Os 125 milhões de euros serão utilizados até ao final de 2025 e o pagamento, pelos empresários que concorram, será feito até 2031.

Segundo Duarte Freitas, na medida hoje lançada, entre outras novidades, a maturidade do empréstimo vai até 30 de junho de 2031 e a taxa fixa é entre 1,5 e 3%, quando no sistema tradicional as mesmas são a partir de 5,3%.

Por outro lado, admitiu que “o segredo” dos empréstimos participativos é que, além de entrarem como capital próprio no balanço das empresas, até junho de 2031, os empresários “só terão que pagar o juro”.

No encontro com os jornalistas, o secretário regional das Finanças dos Açores salientou que foi feito “um enorme esforço para encontrar um instrumento que servisse efetivamente o tecido empresarial”.

“Este [projeto de financiamento] é aquele que se adequa melhor aos empresários dos Açores, que são pequenos, precisam de capital, não têm grandes apoios em termos de consultoria e poderão fazer isto, de forma simplificada, junto dos seus bancos”, admitiu.

Na sua opinião, com a medida Construir 2023 e com o CPA será feita uma proposta de reforma “profunda” de políticas de apoio ao setor empresarial dos Açores.

“Será talvez a maior ou das maiores reformas que já se fizeram nesse aspeto, porque juntamos os 360 milhões [de euros] que temos no Construir 2030, os 125 milhões que temos para a capitalização e, ainda, 22 milhões que colocámos na reprogramação do PRR para a modernização e digitalização. (…) Estamos a falar de mais de 500 milhões de euros”, vincou.

E rematou: “Além da maior alavanca financeira da história para o tecido empresarial dos Açores, estamos a falar de uma reforma profunda, com a nova geração de políticas para o nosso tecido económico”.

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