O Governo dos Açores reiterou hoje que o aterro de 1.300 toneladas de resíduos de matéria orgânica estabilizada não crivada na ilha das Flores é uma “situação excecional”, na véspera de uma reunião com as instituições da ilha.

“Esta é uma situação excecional que está prevista no Regime Geral de Prevenção e Gestão de Resíduos quando em causa está a saúde publica”, afirmou o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas.

Alonso Miguel, que falava aos jornalistas em Ponta Delgada após a inauguração do Centro de Tratamento Biológico de Resíduos de São Miguel, adiantou que na quarta-feira vai decorrer uma reunião entre o executivo regional e os autarcas das Flores, o Conselho de Ilha e a entidade que gere os resíduos na ilha.

Em 20 de junho, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro, anunciou que vão ser aterradas 1.300 toneladas de lixo na ilha das Flores, uma solução “excecional” devido à sobrelotação do Centro de Processamento de Resíduos (CPR) da ilha.

Hoje, Alonso Miguel insistiu que “parte dos resíduos se deteriorou” e está infestada de baratas, realçando que o impacto ambiental da operação é “diminuto”.

“Os transportadores não estão disponíveis para transportar esses resíduos que são matéria orgânica estabilizada não crivada. Quer isto dizer que se nós tivermos crivado esse composto ele pode ser utilizado em jardins. Não há produção de lixiviados, não há produção de biogás”, vincou.

Sobre a posição do PS, o secretário regional disse lamentar que se faça “demagogia numa matéria tão sensível”.

“Dar a entender às pessoas que aqueles resíduos são muito impactantes do ponto vista ambiental não é correto. É demagógico. Não havia necessidade absolutamente nenhuma de o fazer. Entre 2015 e 2020, por semana, enterraram-se em São Miguel 1.700 toneladas de resíduos indiferenciados durante a gestão do doutor Vasco Cordeiro”, afirmou, aludindo ao período em que o PS liderava o Governo Regional.

Logo após o anúncio do aterro, o PS/Açores revelou que vai chamar ao parlamento regional, com caráter de urgência, o secretário regional do Ambiente.

Em 18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.

Em causa está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.

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