O Governo açoriano recusou hoje “abrir mão” dos blocos de apartamentos da antiga Estação Naval da Horta, justificando que “há dificuldades de alojamento” no Faial e é necessário assegurar condições para receber alunos e professores da Escola do Mar.
“Com a dinâmica da Escola do Mar dos Açores, com aquilo que vamos projetar para setembro, em termos de formação, não podemos abrir mão daqueles blocos de apartamentos”, afirmou o secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel Humberto São João, ouvido hoje na Comissão de Política Geral do parlamento açoriano, a propósito de uma petição que defende o aproveitamento dos imóveis para uso particular.
O governante recordou que “há dificuldade de alojamento” na ilha do Faial e que é necessário assegurar condições para receber professores, alunos e técnicos que se desloquem à ilha, quer para irem para a Escola do Mar dos Açores, quer para o futuro Tecnopolo – MARTEC, um centro de investigação que o executivo (PSD/CDS-PP/PPM) pretende construir.
“Se queremos ter pessoal afeto à Economia Azul, temos de ter alojamento para receber essas pessoas”, adiantou o titular da pasta do mar no arquipélago, lembrando que “é preciso ter ali um campus habitacional de apoio a toda esta atividade”.
Manuel São João recordou que, só no último ano letivo, passaram pela Escola do Mar dos Açores, cerca de um milhar de alunos e que “só não existem cursos no verão” por “falta de alojamento na época alta”.
A petição, subscrita por mais de 700 pessoas, defende que sejam reabilitados os quatro blocos de apartamentos deixados vagos pela antiga Estação Rádio Naval da Horta, situados próximo da Escola do Mar, para outros fins, nomeadamente para habitação social.
Paula Decq Mota, primeira subscritora da petição, lembra que há também outras classes profissionais na ilha que se debatem com a falta de alojamento no Faial, como professores, médicos ou enfermeiros, sugerindo que os apartamentos devolutos pudessem ser utilizados para ajudar a fixar pessoas na ilha.
A Estação Rádio Naval da Horta, que chegou a albergar 86 militares da Marinha Portuguesa, e respetivas famílias, encerrou em janeiro de 2013, devido à “modernização das comunicações da Marinha” e à “racionalização” de custos, embora a desativação do contingente tenha sido criticado pela população.
Com a saída da Marinha do Faial, ficam devolutos seis blocos de apartamentos (dois foram, entretanto, recuperados e ocupados) e vários edifícios de comunicações situados num dos locais mais privilegiados da cidade da Horta.
De acordo com um protocolo assinado em 2009 entre o Governo dos Açores e a Marinha, os imóveis serão cedidos pelo prazo de 30 anos à região, em troca dos terrenos que o executivo cedeu ao Estado em São Miguel, para instalar o futuro centro de comunicações.