A Associação Amigos do Canal (AAC) afirmou hoje que o relacionamento com o Governo Regional, no âmbito da recuperação da lancha “Espalamaca”, está marcado “por mais incidências negativas que positivas”, criticando recentes declarações de membros do executivo.

A “Espalamaca” foi construída nos estaleiros navais de Santo Amaro, no Pico, e começou a operar a partir da década de 50 do século passado, tendo sido retirada do serviço na década de 90, numa altura em que se encontrava já em avançado estado de degradação.

Em 13 de junho, no parlamento açoriano, o deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, criticou o “escandaloso” atraso que se tem verificado na recuperação da lancha “Espalamaca” (antiga embarcação construída em madeira, destinada ao transporte de passageiros entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge), que está a “apodrecer” no porto de Santo Amaro do Pico.

Na ocasião, o secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel Humberto São João, explicou que a estimativa dos custos de recuperação da lancha aponta para um investimento total de 200 mil euros, parte dos quais financiados por donativos recolhidos pela Associação de Amigos do Canal.

O governante disse ainda que a expectativa é que a embarcação esteja a operar, no verão de 2024, ao serviço da Escola do Mar dos Açores.

Hoje, num comunicado de imprensa, a Associação, com sede na vila da Madalena, ilha do Pico, congratula-se com a possibilidade de a lancha vir a navegar “no verão de 2024”, mas lamenta as afirmações do secretário do Mar.

Estas afirmações “não fazem qualquer sentido”, sustenta a Associação Amigos do Canal, para quem “não será o secretário regional do Mar e das Pescas que vai obrigar a AAC a essa participação, quando o mesmo, desde outubro de 2022, nunca teve tempo para uma simples reunião”.

A associação, que tem promovido uma campanha de angariação de fundos para a recuperação da lancha, diz que “já gastou mais de sessenta mil euros” na “Espalamaca” (veios, mangas, hélices, tanques e outros)” e “conseguiu os dois motores, através de uma cedência protocolada com a Marinha Portuguesa”.

“Importa clarificar também que a articulação e o relacionamento que tentámos promover com este Governo Regional está marcada por mais incidências negativas que positivas”, critica a AAC, salvaguardando que “nunca quis, não quer e nunca aceitará a gestão exclusiva ou qualquer tipo de posse desta embarcação”.

A Associação Amigos do Canal garante que teve sempre como objetivo “criar condições e sinergias entre as várias entidades públicas e privadas para que a Espalamaca voltasse a navegar de forma sustentável e com encargos partilhados entre essas entidades”.

Contudo, diz ter ficado “desagradavelmente surpreendida” com a declaração do vice-presidente do Governo Regional na sequência da visita estatutária ao Pico, em outubro de 2022, que “direcionava a Espalamaca para a gestão da Escola do Mar dos Açores, sem ser tida ou achada no assunto”.

A Associação garante ainda que “nunca foi proposto nem estabelecido qualquer protocolo formal ou sequer um acordo informal” com a Secretaria Regional do Mar e das Pescas.

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