Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

Quando escrevo esta crónica, as redes sociais tresandam a peixe. Diria melhor, há ali um cheiro nauseabundo a chicharro. Nada tenho contra o dito, sobretudo em sendo pequeno e bem ressecado no óleo, acompanhado da inseparável batata e sua cebola avinagrada, mais o pão de milho e a pinga que melhor fizer a ocasião. Portanto, não sou daqueles preconceituosos que torcem o nariz ao chicharro, simplesmente por desenrascar a mesa dos pobres e não ser coisa para repasto de gente fina – supostamente fina ou com pretensões a tal.
Mas o cheiro já tem dias e só isso torna este chicharro insuportável. Viesse fresquinho, sem mágoas, hirto, e teria o destino que lhe é habitual, mesmo considerando as variações gustativas do seu trato em sertã ou panela, que é como quem diz, assados ou em caldeirada.
O que deu tão mau cheiro ao chicharro, o tempo? Não creio. Os entendidos e os mais idos na idade saberão que salgado, mesmo por longas semanas, perdura-se-lhe o sabor e a firmeza. E que marinado, ou de ceviche, como é moda dizer-se, também temos iguaria para dias.
Não. Este chicharro tresanda por outra razão: foi enrolado em IVA zero e deitado no lume brando da propaganda. Feitas as contas, um quilo do dito terá um desconto de seis, oito, digamos, 10 cêntimos.
Com meia dúzia de quilos sempre se poupa para um café. Por isso a gente agradece ao deputado da Nação que tanto se empenhou para nos proporcionar este ganho imenso, uma medida aplicada “de maneira justa e igualitária, a todo o país”.
Andava o rico ao carapau, quando foram discriminados os agricultores açorianos?

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