O PS/Terceira apelou hoje à criação de um apoio às empresas e instituições dos Açores para mitigar aumentos superiores a 50% no custo da eletricidade, alertando para as “enormes dificuldades” dos empresários.

“Este aumento brutal de custos coloca em causa a sobrevivência de muitas empresas, afetando a sua rentabilidade e colocando em causa a competitividade das empresas açorianas. Também as instituições com maior consumo de energia sentem grandes dificuldades em manter as suas atividades face ao grande aumento de custos”, afirmou o membro do secretariado do PS/Terceira Rui Castro, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.

O líder do PS/Açores e ex-presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, já tinha defendido, no início de maio, que o executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) devia utilizar parte do lucro da Empresa de Eletricidade dos Açores (EDA), detida em 51% pela região, para apoiar famílias e empresas “com os custos da fatura da energia elétrica”.

O PS/Terceira insistiu hoje nessa ideia, salientando que “tem recebido inúmeras queixas de empresas e outras entidades privadas, dadas as enormes dificuldades”, provocadas pelo “aumento do custo da energia elétrica”, que superou os 50%, em média tensão e baixa tensão especial, desde janeiro.

Rui Castro acusou o executivo açoriano de “insensibilidade”, por não ter criado “mecanismos de apoio”, à semelhança do que fez o Governo Regional da Madeira.

O militante socialista propôs, por isso, a criação de um programa de apoio financeiro às empresas e instituições, para combater o “aumento dos custos variáveis de energia elétrica”, “com efeitos retroativos ao início do ano”, que incentivasse os beneficiários a apresentar “um plano de eficiência do consumo energético ou de produção de energia para autoconsumo”.

Questionado sobre a estimativa do montante necessário para financiar estes apoios, o dirigente do PS não avançou com um valor, mas disse que “os aumentos dos dividendos que a EDA distribuiu pelo principal acionista” e o “acréscimo de impostos resultante da inflação” “dariam perfeitamente para cobrir estes custos”.

Segundo Rui Castro, o programa Solenerge, que comparticipa a aquisição de painéis fotovoltaicos a 100% com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), poderia dar um contributo para minimizar os impactos do aumento do preço da eletricidade, mas apresenta uma baixa taxa de execução.

“De acordo com o relatório de execução de abril, apenas foram pagos incentivos de 357 mil euros, até agora, ou seja, menos de 2% do valor previsto e disponibilizado [19 milhões de euros]”, apontou, defendendo o reforço de recursos técnicos para analisar e processar as candidaturas ao Solenerge.

O membro do secretariado do PS/Terceira apelou, por outro lado, ao reforço da utilização de fontes de energia renovável, acusando o executivo da coligação, que tomou posse em novembro de 2020, de ter desinvestido nesta área.

“De acordo com os dados do Serviço Regional de Estatística, o Governo Regional desinvestiu na produção de energias renováveis, que foi reduzida, no ano passado, para apenas 34% do total da produção, quando em 2020 já representava cerca de 40% da produção regional”, frisou.

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