O país está parado e espera o desfecho da crise. Maquiavelicamente, Marcelo não se decide e a intensidade nervosa da classe política torna-se insuportável – aí está o ajuste de contas da desconsideração que lhe fez o dr. Costa quando recebeu de bandeja a maior absoluta.
Por cá é indisfarçável o incómodo dos socialistas. Por comparação, a bandalheira nacional contrasta com o estado de consistência do Governo de Bolieiro e desacredita as diabolizações outrora profetizadas sobre a coligação açoriana. Aliás, Vasco Cordeiro e os seus camaradas abandonaram essa narrativa, que foi chão que não deu uvas, e o discurso virou-se para as dificuldades da crise inflacionária, como se fosse uma coisa só nossa e com solução milagrosa, apontando propostas a esmo, muitas a raiar o mais atroz populismo. Dá-se, no entanto, o caso de estes ziguezagues não resolverem a vida do dr. Cordeiro e, no mínimo, lhe perpetuarem dois problemas.
O primeiro é que sabemos o que andou a fazer oito anos na presidência cá do burgo (e já antes disso, por exemplo, na SATA, enquanto secretário da Economia). A memória de alguns pode falhar, mas continua pujante noutros e a internet ajudará os restantes desprevenidos.
O outro problema é o risco de o país ir para eleições, daqui a poucos meses, como acredito. Será o cabo dos trabalhos. Além da composição da lista, onde a família César vai querer manter-se, perder nas urnas a poucos meses do veredito regional pode abrir a porta da saída e ela bater com estrondo. E lá se vai o sonho de um lugar no Parlamento Europeu. O calendário é medonho.