O Governo Regional dos Açores vai preparar uma candidatura do café produzido na região a Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP), revelou hoje o secretário da Agricultura.

“O café não é uma cultura recente nos Açores, tem centenas de anos, e [os Açores] são o único sítio da Europa onde se pode produzir café. Interessa que seja mais uma cultura económica da diversificação e que possa potenciar o nome dos Açores”, afirmou o titular da pasta da Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Açores.

António Ventura falava aos jornalistas à margem de uma reunião com a Associação de Produtores Açorianos de Café (APAC), em Angra do Heroísmo.

O secretário regional da Agricultura acredita que o café produzido nos Açores tem “características únicas”, por isso o Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA) vai iniciar um processo de candidatura a uma “qualificação comunitária”.

O governante comprometeu-se ainda a criar dois campos de experimentação de novas variedades de café, na Terceira e em São Miguel, a promover novas formações e a prestar apoio e aconselhamento técnico aos produtores de café.

Formada há perto de uma década, a APAC conta atualmente com 55 produtores em sete das nove ilhas dos Açores.

Aos jornalistas, o presidente da associação, Luís Espínola, disse que, nos últimos anos, a produção aumentou em cerca de “um hectare e meio” e há “cada vez há mais interessados” em produzir café.

“Temos duas variedades bem adaptadas, o Caturra Vermelho e o Bourbon Amarelo. Existem produtores instalados, alguns há já quase uma década, com alguma escala. Estamos a formar mais pessoas”, adiantou.

O impulso da produção de café nos Açores contou com uma parceria com a Delta, que comparticipou quatro missões de formação.

A mais recente, já com o apoio do Governo Regional, juntou mais de 100 pessoas, em São Miguel e na Terceira, com consultores do Brasil.

A associação não tem, no entanto, qualquer parceria comercial com a empresa.

“A Delta será um ‘player’ igual a outro. Não temos exclusividade de venda à Delta”, explicou Luís Espínola.

Segundo o presidente da APAC, os Açores não têm dimensão para produzir em “larga escala”, mas têm potencial na produção de “cafés de especialidade”, que atualmente cativam sobretudo os turistas que visitam o arquipélago, que o consomem e muitas vezes o compram como “souvenir”.

“Existem produtores que já mandaram café para várias partes do mundo, desde o Alasca à Europa central, mas canais de exportação não tenho conhecimento. Alguns dos produtores estão numa fase de crescimento dos seus negócios”, revelou.

Luís Espínola defende que há condições para apostar na produção de café nos Açores, é preciso apenas criar estímulos dentro da diversificação agrícola e aprimorar o conhecimento.

“É importante experimentarmos novos materiais genéticos que sejam mais competitivos e tenham mais resistência às nossas condições edafoclimáticas, principalmente ao vento e à humidade, e que traga um produto mais uniforme, de forma a que possamos reduzir o custo da mão de obra e ter um produto de excelência”, salientou.