Há gente assim, desastrosa quando tudo podia fazer, generosa quando lhe faltam os meios e tudo já não passa de uma intenção. Tem sido assim Vasco Cordeiro, mergulhado no pesadelo do “depois”, porque já teve a oportunidade, o tempo, o poder e a aura institucional para fazer o que agora promete.
Podia dizer isto a propósito de muitas propostas socialistas, nesta travessia na Oposição que ainda só vai para três anos…
Mas tomo como paradigmática a recente sugestão do dr. Cordeiro para o Governo Regional redirecionar a parte que lhe cabe nos lucros da EDA para ajudar as famílias e as empresas – cá está a generosidade, singela, imaculada, com destinatários muito bem identificados, fragilizados, recetivos a este tipo de bondade, mesmo populista ou politicamente irónica.
Em 2022 a EDA teve um lucro de 12 milhões de euros, sensivelmente o mesmo obtido no ano anterior e em 2014.
O lucro da elétrica açoriana foi, no entanto, muito superior noutros exercícios quando os socialistas governavam a Região e os níveis de desemprego eram incomparavelmente superiores aos registos atuais, que são, aliás, os mais baixos dos últimos 14 anos.
Em 2017, por exemplo, os lucros da EDA ultrapassaram os 21 milhões de euros. E o que fez o dr. Cordeiro quando ainda se sentiam os efeitos da crise despoletada pela bancarrota da governação de José Sócrates? Acaso, alguém se lembra da distribuição pelas famílias e empresas de tão avantajado pecúlio?
Como no filme, nós sabemos o que o dr. Vasco andou a fazer na governação passada e promete agora, livre do encargo de decidir. É demais.
