O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes, pediu hoje que pare a interferência política na TAP e que se deixe o novo presidente, Luís Rodrigues, gerir a sua equipa.

“Apelo a todos os deputados e ao Governo que pare a interferência. Deixem Luís Rodrigues e a sua equipa gerir, de uma vez por todos, não se pode gerir mais pelo Whatsapp. […] Um erro são milhões de prejuízo”, afirmou o presidente do SPAC, na comissão de inquérito à TAP.

O sindicalista respondia a questões da deputada Mariana Mortágua, do BE, quando disse prever “um verão muito complicado” para a operação da TAP, por falta de planeamento. “O verão vai ser caótico”, sublinhou.

Apesar de reconhecer as provas dadas de Luís Rodrigues na Sata, Tiago Faria Lopes notou que o novo presidente não teve “paz social destruída”, “nem teve interferência política” na companhia dos Açores.

Já questionado sobre a concorrência das companhias de baixo de custo, o presidente do SPAC disse que não se pode aceitar que a TAP “seja posta em segundo plano” no aeroporto de Lisboa, gerido pela ANA/Vinci, em localizações remotas, o que atrasa a operação, enquanto há ‘low cost’ a quem são atribuídas mangas para embarque ou desembarque de passageiros.

“Alguma coisa está mal, ou a TAP não refila, não reclama, […] ou o aeroporto está a proceder de forma errada”, considerou, lembrando que a situação causa prejuízos à companhia.

Já em resposta à deputada socialista Cristina Sousa, o presidente do SPAC considerou que, quando a companhia entrou em dificuldades como consequência da pandemia, “o Estado entrou quando devia entrar, mas não saiu quando devia sair”.

“Eu recordo-me do privado [David Neeleman] pedir para ficar, agora se foi questão ideológica ou medo de o privado não cumprir, terá de perguntar a Pedro Nuno Santos”, acrescentou, considerando que o Estado se antecipou a despedir o privado.

Quanto ao negócio da TAP no Brasil, que a empresa decidiu encerrar no ano passado, Tiago Faria Lopes respondeu ao deputado comunista Bruno Dias que a ME Brasil “tinha um racional positivo bastante positivo”, porque ia atuar como embaixador da Airbus na América.

No entanto, o facto é que a ME Brasil deixou à TAP “mil milhões de prejuízo”, ressalvou, e que quem ficou com esse crédito foi a TAP S.A., “a companhia que dá dinheiro”.

Tiago Faria Lopes também abordou um documento da Comissão Europeia, referido anteriormente pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), em que era pedido à TAP que cortasse os custos em 20%, no âmbito do plano de reestruturação, mas não obrigatoriamente com trabalhadores.

O presidente do SPAC referiu ainda que os custos operacionais, excluindo combustível, entre 2019 e 2022 subiram de 4.63 cêntimos de euro, para 4.66.

“Significa que os cortes são basicamente os mesmos, […] aumentaram os fornecedores, mas os ordenados estão na mesma, cortados”, explicou o sindicalista.

Neste sentido, o deputado Bernardo Blanco, da IL, lembrou que em audições anteriores da comissão de inquérito foi revelado que o Governo e a Parpública receberam propostas de privados para aumentar a partilha de perdas, “que foram ignoradas”.

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