No âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios 2023 (18 de abril), a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo partilhou as reconstruções virtuais realizadas pelo Gabinete de Arqueologia e História, da área da Praia do Corpo Santo e respetivos edifícios históricos, nomeadamente a Ermida de São Pedro Gonçalves (já desaparecida) e o Forte Real (Taipas / Corpo Santo).
Também denominado de Forte Real (ou Forte das Taipas), terá sido construído por volta de 1576 por ordem de D. Manuel da Câmara, Capitão do Donatário da Ilha de São Miguel. Tem registo de nomeação de, pelo menos, dois condestáveis (comandante da artilharia), respetivamente nos anos de 1596 e 1631. O primeiro registo planimétrico conhecido é de 1815, sendo nele já reportado o estado de ruína e abandono.
O Major Engenheiro João Leite Borba Gato, na descrição dos fortes de São Miguel, descreve: “Castello Real (…), situado sobre a rocha firme, conserva-se em bom estado. Tem seis canhoneiras e quatro peças [canhões] montadas. Palamenta [instrumentos de tiro]: nada! Munições: 50 balas de artilharia e hum barril de pólvora“.
A ermida do Corpo Santo foi construída após o terramoto de 1522. Porém, só obteve licença oficial de celebração litúrgica em 1816, apesar de se terem sempre realizado várias cerimónias religiosas, nomeadamente a procissão em honra de São Pedro Gonçalves (Irró). Foi demolida no início do séc. XX e toda a sua alvenaria foi vendida. A imagem e o altar de São Pedro Gonçalves passaram, então, para a Ermida de Santa Catarina.
Sobre a porta e a ermida do Corpo Santo, refere Gaspar Frutuoso, no séc. XVI: “(…) outra porta está pegada com a Ermida do Corpo Santo, na entrada da rua que vai ter ao terreiro da Casa da Misericórdia”.Ainda, o vigário de Rabo de Peixe, António de Vasconcelos, em visita em 1696, reporta que: “Visitei a Ermida do Corpo Santo, e achei ser necessário um missal novo (…) grade no dito coro, como tinha antigamente, como servia de irem nele ouvir missa as mulheres mal enroupadas”.Já o bispo de Angra, D. José de Azevedo, em 1811, dizia “A Ermida do Corpo Santo pertence aos homens do mar”.Por sua vez, Urbano de Mendonça Dias, em meados do séc. XX descrevia: “Era uma ermida grande, ainda a conhecemos. (…) Tinha um só altar – o de São Pedro Gonçalves – com púlpito, sineira e coro”.