Numa altura em que a Comissão Europeia pretende aumentar e flexibilizar o processo de ajudas de estado, de modo a possibilitar aos Estados Membros o financiamento com fundos próprios da renovação das frotas, o Governo Regional dos Açores entende ser fundamental um esforço acrescido da União Europeia para se atingir este objetivo.

“O desafio que aqui lanço é o de que não só será importante que os fundos europeus, através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura, possam financiar esta pretensão, como também seria importante materializar processos em busca de uma consensualização alargada para que se conseguisse financiamento comunitário que permitisse a redução do esforço de pesca, nomeadamente o abate de embarcações, bem como apoios para a possível diminuição do rendimento dos pescadores no âmbito da definição das Áreas Marinhas Protegidas”, disse o Secretário Regional do Mar e das Pescas.

No encerramento de mais uma edição da Semana das Pescas, que teve lugar na Horta, entre 3 e 6 de abril, Manuel São João acrescentou que “do lado do poder político está a definição e implementação de políticas, mas há que haver consciência coletiva de que nem sempre é possível ter tudo ao mesmo tempo”.

“É preciso balizarmos a nossa atuação dentro daquelas que são as nossas limitações legislativas como, também, dentro daquelas que são as nossas limitações financeiras”, vincou.

O Secretário regional do Mar e das Pescas anunciou ainda que “tendo vista a promoção da bioeconomia azul nos Açores, será criada uma incubadora de base tecnológica sediada na ilha do Faial”.

“Este projeto tem já manifestado o interesse de diversas empresas e organismos regionais, nacionais e internacionais que fomentarão a economia regional e o desenvolvido sustentável do Mar dos Açores criando uma saudável interligação entre os diversos stakeholders ligados à ciência, à tecnologia e ao mar”, disse.

Por outro lado, Manuel São João avançou com outra iniciativa que o Governo Regional dos Açores pretende implementar a curto prazo, o “Pescador Mais”.

“Trata-se de um novo projeto, baseado no modelo da Reativar mas que incluirá um tronco exclusivamente dedicado às pescas e que permitirá, no verdadeiro sentido, falar-se da carreira de pescador, abrindo portas para que quem queira enveredar por esta profissão, faça-o alcançando equivalência aos quarto e sexto ano da escolaridade. Será este o passo fundamental para se alcançar, numa fase posterior, o acesso a níveis superiores como arrais de pesca ou mestre”, adiantou.

E rematou: “esse é o trabalho, sabendo que não se faz de um dia para o outro, que estamos a trilhar, para muitos de forma silenciosa, mas que queremos continuar a desenvolver, sabendo, igualmente, que os resultados nunca serão obtidos a curto prazo”.