O deputado único do Chega nos Açores alertou hoje para as dificuldades financeiras de filarmónicas e outras associações culturais na região, reivindicando a contratação dos artistas pelo Governo Regional para animação turística.
“Tenho manifestado o meu descontentamento pela forma como a cultura tem sido tratada nos Açores. Estamos a ver uma série de filarmónicas com grandes dificuldades e algumas mesmo a fechar. Há sítios que, com muita pena minha, não posso visitar, porque já não existem. Há grupos folclóricos e grupos de teatro que desapareceram”, afirmou o deputado do Chega nos Açores, José Pacheco.
O parlamentar falava, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à Sociedade Filarmónica Lira Espírito Santo, na Vila Nova, no concelho da Praia da Vitória, que marcou o início de uma visita oficial à ilha Terceira.
Segundo José Pacheco, a infraestrutura necessita de obras de manutenção orçadas em cerca de 65 mil euros, tendo infiltrações e madeiras apodrecidas debaixo do palco.
O deputado admitiu que não é um caso único nos Açores, apontando como exemplo escolas “com portas presas com arames” e centros de formação “onde chove lá dentro”, mas considerou a situação “inaceitável”.
Para José Pacheco, o financiamento das filarmónicas tem de passar por uma ligação entre o turismo e a cultura.
Os apoios às filarmónicas “existem” – e o processo de candidatura até vai ser “simplificado” – mas não são “suficientes”, por isso, o deputado do Chega propõe que o executivo açoriano contrate os músicos para animação turística.
“Se nós queremos ter turistas, temos de os animar. Não precisamos de subsidiar uma filarmónica, compramos os serviços, [contratamos] 10, 15 espetáculos ou arruadas e está o problema resolvido”, apontou.
O parlamentar do Chega sublinhou que é preciso “mostrar aos turistas que há muito mais do que pastagem e vacas” nos Açores, defendendo uma maior promoção das tradições da ilha Terceira, como o Carnaval, as festas do Espírito Santo e as festas Sanjoaninas.
Questionado sobre se o Chega apresentaria alguma proposta para apoiar as filarmónicas no Parlamento açoriano, José Pacheco disse que o partido está a tentar, na Assembleia da República, isentar as tradições e festas populares de direitos de autor.
“Este roubo que está a haver com os direitos de autor, que para os autores vai muito pouco, temos de combater isto e não podemos sobrecarregar as pequenas instituições e associações, que ainda vão fazendo alguma coisa com mais tachas e tachinhas”, frisou.
Na ilha Terceira, que visita durante três dias, José Pacheco alertou ainda para a falta de investimento na manutenção de estradas.
“Quem sai do aeroporto das Lajes e dirige-se a Angra do Heroísmo, percebe facilmente que muitas das questões da Terceira foram abandonadas, ao andar naquela estrada cheia de buracos”, vincou.