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Vinte e cinco anos após ter sido enviada a primeira mensagem escrita mudando a forma como as pessoas comunicam e escrevem, o SMS vai continuar a ser utilizado, mas tornar-se menos relevante, segundo um investigador.

O primeiro SMS (Short Message Service) foi enviado a 03 de dezembro de 1992 pelo britânico Neil Papworth, engenheiro de telecomunicações da Sema Group Telecoms, no Reino Unido.

A mensagem, um desejo de “Feliz Natal”, foi enviada a partir do computador de Neil Papworth para o telemóvel Orbitel 901 de Richard Jarvis, da Vodafone.

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Vinte e cinco anos depois, o SMS tornou-se numa das formas de comunicação mais utilizadas em todo o mundo, segundo explicou à agência Lusa Gustavo Cardoso, investigador, professor catedrático e membro do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia — Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL).

“Festejar os 25 anos do SMS é festejar o SMS, mas também de todas as ‘apps’ que utilizamos nos nossos smartphones. Hoje em dia escrever é falar no Facebook, no ‘messenger’ , no ‘iphone’, é falar do ‘WhatsApp’, que permitem a comunicação não só de um para um, mas de um para muitos”, salientou.

Segundo Gustavo Cardoso, tal como muitas tecnologias de comunicação — historicamente desde o telégrafo à Internet, o SMS não foi um produto criado com uma lógica comercial (nos primeiros tempos as mensagens eram gratuitas nos telemóveis).

“Mais tarde, quando começaram a ser muito usados é que foram introduzidos no meio comercial (…) Hoje em dia, as operadoras de telecomunicações fazem dinheiro por via do SMS e Internet”, disse.

De acordo com dados da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) disponíveis no Observatório da Comunicação, em 2003 foram enviadas em Portugal 2.296.159 SMS e em 2012 já eram 27.860.126 mensagens e no ano passado 18.965.204.

Na opinião do investigador da Obercom (Observatório da Comunicação), os SMS marcaram uma viragem nas comunicações móveis porque ajudaram a moldar outras formas de comunicar como por exemplo o ‘messenger’.

De acordo com Gustavo Cardoso, houve uma evolução na comunicação escrita do telemóvel: hoje as pessoas comunicam através de voz, texto e imagens.

“Mas, voltando um pouco atrás, lembro que primeiro o SMS foi uma tecnologia dos mais jovens e depois houve contágio entre gerações. Mudou também a forma como se escreve. Os jovens passaram a usar abreviaturas de palavras, introduziram-se ‘emojis’, trocaram-se os ‘que’ pelos k”, disse.

Segundo o professor, os símbolos que passaram a ser usados nas mensagens (emojis, as reticências, o LOL, por exemplo) têm por objetivo expor estados de espírito e emoção.

“É para que não haja dúvidas quanto àquilo que está a querer dizer. Se está triste escrever só não chega, se está feliz escrever só com letras não chega”, disse.

No entender de Gustavo Cardoso, hoje em dia está-se a celebrar o contributo do SMS.

“Eles continuam a ser utilizados, mas a perceção que existe é que a sua utilização vai continuar a ser elevada, mas não tenderá para ser o futuro. O futuro dos mais jovens são as mensagens de texto através da Internet e não das redes celulares”, indicou.

De acordo com o investigador, o SMS tornou-se num complemento mais do que uma forma de comunicar por si própria.

“Na minha opinião, o futuro do SMS vai passar pelo preço e pela capacidade de competir. O SMS é uma tecnologia que não olha a marcas, a ‘software’, enquanto nas outras tecnologias já é diferente. É preciso ter a mesma aplicação que as pessoas estão a usar para enviar, para receber. É um mundo de comunicação universal enquanto os ‘messengers’ são para redes de pessoas, que é uma outra ideia”, disse.

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