Na semana passada, abordei o conflito recente na Educação, que tem resultado numa elevada união dos Professores contra as propostas que saíram do Ministério da Educação. Entre estas, estão várias intenções inaceitáveis, como os concursos poderem considerar outros critérios que não a experiência, traduzida na graduação profissional. Este modelo de concursos já foi provado não funcionar, por ser lento e por permitir favorecer determinados candidatos, mesmo com menos experiência. Por isso mesmo, foi eliminado, mas o governo da República quer, agora, ressuscitá-lo.
O atual problema da Educação afeta diretamente os Açores. Na Região, a elevada falta de Professores tem obrigado a atribuir horas extraordinárias a quem já está sobrecarregado, ou a contratar Professores sem formação profissional. Não há candidatos nas listas, ao contrário do que se verificava há poucos anos. E, com tantos Professores com mais de 60 anos, não há quem os substitua nas doenças que vão aparecendo com regularidade, pelo peso dos anos de trabalho.
Há muito em que se pode criticar ou discordar deste e dos anteriores governos regionais. Muito, mesmo. Mas é preciso reconhecer que têm procurado combater este problema, inclusive apoiando candidatos aos mestrados profissionalizantes. É verdade que os Professores dos Açores sempre lutaram e tiveram a capacidade para fazer com as suas exigências uma realidade melhor. Mas essa luta também existe no continente, e os resultados foram bem distintos, para pior. Analisar esta diferença obrigaria a outro artigo, e não é esse o meu objetivo agora.
Podemos dizer que, nos Açores – fruto sobretudo da luta dos Professores, mas, também, das possibilidades abertas pela Autonomia Regional – tem havido algumas respostas positivas. Será suficiente para resolver o problema? Não, de forma alguma. Sobretudo, porque esta é uma realidade que dificilmente conseguiremos ultrapassar sem que o governo da República a encare com seriedade.
Os governos do PS têm sido rápidos a tentar voltar a opinião pública contra os Professores. Tirando um pequeno período em 2007, nunca o conseguiu, por mais que tentasse. As razões são simples: a dedicação dos Professores aos seus alunos ultrapassa todas as campanhas de difamação; e a sua luta é, também, pela Escola Pública. Resta ao PS saber se quer ser o coveiro da Educação, ao mesmo tempo que compromete gravemente o futuro do país. As soluções existem, e o PCP apresentou-as, mais uma vez, nesta quarta-feira, no debate que programou para a Assembleia da República, sobre Educação: vincular todos os que têm mais de 3 anos de serviço, recuperar todo o tempo de serviço, eliminar os entraves burocráticos na avaliação e na carreira docente, investir na Escola Pública. E, para que não existam aproveitamentos políticos, é preciso recordar que ao lado do PS esteve toda a direita. Mesmo que agora venham dizer o seu contrário, ou contestar as políticas do governo que antes validaram.
Se o governo da República insistir no seu caminho, estará a pôr em causa, durante largos anos, o futuro do País e, com ele, o futuro da Região. E é por isso que a luta dos Professores não é apenas deles. É uma luta pela Educação. Uma luta de Todos e por Todos. Pelo País e pelos Açores.