As eleições regionais de 2020 trouxeram várias alterações à vida política regional. Parece-me ser cada dia mais claro que, globalmente, essas alterações foram profundamente negativas, nos planos social, económico e político. Poderão alguns dizer-me que estou a ser injusto, por esquecer algumas ações positivas do governo regional. É um facto que as houve, mas são tão poucas que dificilmente a avaliação global podia ser positiva.
Espantosamente, a denúncia das dificuldades pelos baixos salários e reformas, pelo aumento brutal do custo da alimentação, dos combustíveis e da habitação, entre outros, tem vindo, sobretudo, de fora do Parlamento Regional. Tem vindo do PCP, e da CDU, que, como se sabe, não elegeu nenhum deputado em 2020. E, a par das denúncias, têm surgido as propostas!
Mas, por seu lado, mais de dois anos depois do início da legislatura, é evidente que a Casa da Autonomia Regional, a Casa da Democracia, tem ficado praticamente de fora das soluções para os grandes problemas vividos pelos Açorianos.
Olhando apenas para o mês de janeiro, podemos ver a ação do PCP na defesa da valorização das trabalhadoras da COFACO, do comércio e escritórios da Terceira, ou do Teatro Micaelense, da administração publica regional, da Atlanticoline, da LOTAÇOR, entre outras. Ou mostrando que a pobreza não é inevitável, porque é o resultado de opções políticas e económicas, baseadas na aposta nos baixos salários e na desvalorização da produção regional. Ou intervindo no Parlamento Europeu, apresentando propostas em defesa do Teatro Micaelense. Ou dando voz à exigência de mais funcionários nas escolas, ou médicos, enfermeiros e auxiliares nos hospitais e centros de saúde, denunciando que há 25 mil Açorianos sem médico de família. Ou denunciando os atrasos aos apoios já aprovados às micro e pequenas empresas. Ou denunciando que a sobrelotação das casas é a mais alta do país, fixando-se em 13,5%, E, repito, estou a resumir, apenas, a ação do PCP no mês de janeiro.
Neste momento, é possível tirar, já, várias conclusões. A mais evidente é que a direita que se instalou no poder não é uma alternativa política aos governos regionais do PS. No essencial, partilham a mesma estratégia: a economia assente nos baixos salários, uma ausência de aposta na produção regional, em particular na agricultura e nas pescas, os apoios públicos a fundo perdido às grandes empresas regionais, a manutenção das desigualdades sociais e o desenvolvimento desequilibrado das várias ilhas da Região.
A segunda conclusão é que mesmo fora do Parlamento Regional, o PCP/Açores tem mantido a sua capacidade de proposta, contrariando aquilo que une a direita e o PS. Salários, produção, saúde, educação, desenvolvimento equilibrado fazem parte do ADN do PCP. Mais: fazem parte do ADN deste Povo, que mostra ser tão trabalhador como foi esquecido pelo poder que o governa. E a capacidade de proposta que o PCP tem mantido, mesmo com as dificuldades que resultam de estar fora do Parlamento Regional, mostra que a maior diferença, para a vida dos Açorianos, virá da eleição de deputados da CDU para a Assembleia Regional.
Aí, sim, voltará a haver uma voz diferente, uma voz única e imprescindível na defesa de uma Região mais desenvolvida e equilibrada, que aposte no combate à pobreza e na produção regional!